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Nota política da UJC UNB: É preciso dizer não ao Ensino Remoto!

Nota política da UJC UNB: É preciso dizer não ao Ensino Remoto!

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No dia 9 de junho a UnB anunciou por meio de um documento elaborado pelo Comitê de Coordenação das Ações de Recuperação (CCAR), um plano para a retomada das aulas de forma remota. Essa ação atropelou a democracia interna da universidade e gerou muita preocupação na comunidade acadêmica, especialmente no corpo discente, que logo passou a receber e-mails dos professores que se movimentaram para cumprir esse plano.

No Brasil, 58% dos domicílios não têm acesso a computador e 33% não dispõem de internet, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2019, do Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação). Em 2018, cerca de 52,5 milhões de pessoas viviam com menos de R$ 420,00 per capita por mês. A população negra correspondia a 72,7% dos pobres. Em relação à moradia, 56,2% das pessoas com esse rendimento não tinha acesso a esgoto sanitário e 25,8% não eram atendidos com abastecimento de água por rede (IBGE, 11/2019). A contrarreforma trabalhista de 2017 e outras medidas que a reforçaram em 2018, 2019 e 2020 provocaram um gigantesco rebaixamento salarial e elevado nível de desemprego. 

Ainda não nos encontramos em um Brasil melhor, pelo contrário, somado a todas essas informações contamos agora com mais de 50 mil mortos. São milhares de vidas negligenciadas por um Estado genocida e que não se importa com nada diferente do lucro daqueles que o sustenta. É preciso refletir acerca dessa realidade antes de pensar que é simples inserir o corpo estudantil em uma dinâmica de ensino remoto. 

O ambiente universitário já era adoecedor, agora imaginemos com todas as demandas levadas para dentro de casa. Quantos já não se encontram em profundo sofrimento pela perda de um ente querido, pela jornada tripla agora enfrentada pelas estudantes mães ou pela violência doméstica que comprovadamente tem aumentado com intensidade contra as mulheres e a comunidade LGBT+. É incalculável o sofrimento e o adoecimento mental da população, sem contar com a dificuldade de encontrar um ambiente propício para o estudo com as bibliotecas fechadas.

O ponto fundamental para uma universidade que se pretende democrática e deseja debater o ensino remoto durante a pandemia, seria encontrar uma forma de incluir todos os estudantes. Com o sucateamento que a educação pública vem sofrendo e a precária política de assistência, a universidade seria capaz de fornecer as condições para aqueles que não possuem acesso a internet tenham uma educação crítica e de qualidade? E até mesmo com um milagre financeiro realizado pela administração, como essas políticas contemplariam estudantes de zonas rurais que não podem contar com acesso a internet independente do fornecimento de um plano de dados? 

O ensino remoto na prática não se diferencia muito do EaD. O EaD possui uma taxa média de evasão nos cursos de 26,3%, sendo que 85% dos estudantes evadem no início do curso. Apenas pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS) entram 2024 estudantes por semestre, em caso de uma semelhança com essa realidade seriam centenas de estudantes evadindo, isso sem contar com o SISU e o vestibular tradicional.

O ensino remoto não só reforça uma educação acrítica e excludente, mas favorece também diversos setores privados, já que no Brasil não há uma soberania popular sobre os interesses referentes à produção tecnológica. As experiências têm nos mostrado que as universidade federais têm sofrido com pressões de grupos privados para o retorno às aulas, esses mesmos grupos serão os responsáveis por fornecer as ferramentas para se utilizar no modelo remoto. Em outras palavras, estarão lucrando com a exclusão e o adoecimento dos nossos.

O ensino remoto não é uma alternativa e vai na contramão da solução dos problemas vividos pela comunidade acadêmica. Contribui para a acentuação das desigualdades e dialoga com o programa neoliberal amplamente rejeitado pelo movimento estudantil durante as mobilizações em resposta aos cortes empurrados pelo MEC. 

Precisamos dizer não ao ensino remoto, a precarização da educação e lutar por uma universidade popular, que atenda os interesses de seu povo e esteja a serviço da emancipação.

NENHUM ESTUDANTE FICA PARA TRÁS!!

POR UMA UNIVERSIDADE POPULAR!!