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Nota de Apoio à Ocupação da Reitoria da UFRGS
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Nota de Apoio à Ocupação da Reitoria da UFRGS

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No ano de 2014 a Universidade Federal do Rio Grande do Sul completa 80 anos, essa data tem sido o ensejo de uma campanha publicitária chamada pela reitoria, cujo o mote é “UFRGS 80 ANOS DE EXCELÊNCIA”. No entanto, a propaganda oficial da instituição confunde-se com uma piada de mau gosto por aqueles que vivem a universidade cotidianamente, pois a excelência não chegou no R.U, não chegou na assistência estudantil, não chegou na estrutura, tão pouco na segurança.

O Restaurante Universitário do Campus do Vale já recebeu mais 80 notificações da vigilância sanitária, chegando ao ponto de ser temporariamente fechado em 2013. Atualmente o feijão foi substituído pela lentilha, o acompanhamento foi simplesmente retirado e a única salada que se vê é a de chicória.

A assistência estudantil beira o simbólico, sendo usada majoritariamente como meio de exploração de mão de obra barata e sem direitos, a qual se realiza mediante o uso do trabalho dos bolsistas, os quais cumprem funções de responsabilidade de um servidor, entretanto, sem os mesmos direitos trabalhistas nem o mesmo salário. A única casa de estudantes gerenciada pela universidade tem capacidade para no máximo 400 alunos, sendo que o número absoluto de estudantes ultrapassa os 30 mil. A falta de assistência obriga muitos estudantes a cumprirem dupla jornada, como trabalhadores e estudantes, essa dupla atividade desencadeia um processo de baixo aproveitamento acadêmico, sendo que a resposta da reitoria a esse fenômeno é a famosa resolução 19, a qual, de maneira simples e objetiva, expulsa da universidade aqueles que se apresentam nessa situação, essa medida visa neutralizar a política de cotas, aceitando os estudantes de baixa renda pela porta da frente e os expulsando pela porta de trás.

Em relação a estrutura universitária, ela não é apenas precária, ela é fora da lei. Não há um programa de prevenção a incêndio, não existe uma enfermaria na maioria dos campi e, no que tange a acessibilidade, está totalmente fora dos padrões minimamente aceitáveis. Para se ter ideia, a falta de enfermaria já custou pelo menos uma vida, na qual um estudante do campus do Vale sofreu um ataque cardíaco e levou, pelo menos, 20 minutos para ser atendido, morrendo no local. Outro fato que demonstra o descaso da reitoria com a dita excelência é o caso da biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, a qual, por permanecer em local inadequado, teve perda de pelo menos 10% do seu acervo em uma inundação ocorrida no mês de janeiro desse ano.

A falta de estrutura coloca para o conjunto da comunidade acadêmica outro problema tão grave quanto, a segurança. A iluminação precária nos campi expõe cotidianamente os seus frequentadores à situação de vulnerabilidade, estupros e assaltos são recorrentes e a falta de seguranças federais é regra. A resposta do Reitor é a Brigada Militar, que por lei não pode atuar em território federal, mas atua na UFRGS.

Essa não é apenas uma resposta insuficiente, é uma resposta esdrúxula, todos nós sabemos como a BM procede, a truculência e o autoritarismo são o padrão, ferindo, assim, a autonomia universitária no seu âmago. O último dos ocorridos envolvendo a BM se deu no Congresso Nacional de Estudantes de Enfermagem, no qual, 4 alunos e 1 guarda patrimonial foram presos por não permitir a entrada dos policiais no campus, 2 dos estudantes, além de presos, foram barbaramente agredidos.

Enfim, os estudantes estão lutando por uma questão básica, que envolve a permanência na universidade e a possibilidade de poderem concluir o seu curso superior. As cotas não bastam, elas envolvem apenas a entrada do estudante desfavorecido negligenciando a sua permanência. Os estudantes de baixa renda não querem apenas entrar na graduação, querem concluí-la, querem realmente permanecer na universidade e usufruir de tudo aquilo que ela deveria oferecer.

Além de tudo, como se não bastasse, a UFRGS mantém um contrato de colaboração científica com a empresa israelense ELBIT, conhecida no Brasil como AEL. Essa empresa desenvolve tecnologia militar para o exército israelense, o qual mantém uma política de apartheid social na palestina, ou seja, através desse acordo a UFRGS contribui ativamente com o genocídio do povo palestino.

Mais do que a luta por pautas, a ocupação da reitoria foi um marco político dentro da universidade pela maneira como a mesma se deu, sendo construída pelas bases, pela ampla discussão entre os estudantes, apontando para um novo modo de se construir o movimento estudantil, que passa menos pela cooptação e mais pelo debate, que passa menos pelo controle de um pequeno grupo oportunista e mais pelo empoderamento do conjunto dos estudantes.

Todo Apoio a Ocupação da Reitoria da UFRGS!

Todo Apoio a Legítima Luta dos Estudantes!

Viva a União da Juventude Comunista!

União da Juventude Comunista – Rio Grande do Sul