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Um antifascismo “à la carte”?
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Um antifascismo “à la carte”?

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Por Nikos Abatielos, Secretário do Comitê Central da Juventude Comunista da Grécia (KNE)*

Graças à posição determinada dos estudantes, de suas entidades coletivas – os conselhos escolares de 5 e de 15 membros – e da comunidade estudantil nas escolas, os esforços de vários fascistas para espalhar seu veneno nazista e nacionalista – junto com o apoio da Nova Democracia [partido de centro-direita na Grécia] e seções da Igreja – falharam. Os membros e amigos da KNE [Juventude Comunista da Grécia] tiveram um papel central em isolar os fascistas e acabar com seus planos.

O que aumenta a preocupação é o fato de que essas mobilizações, organizadas através de apelos anônimos e não através de construções coletivas, com motes nacionalistas e irredentistas, foram propagandeadas com chamados “pegajosos” contrários ao seu impacto atual. Ao mesmo tempo, estão sendo “enterrados” os seguintes processos:

  • As mobilizações estudantis com participação de dezenas de milhares de estudantes sob o mote “Exigimos uma escola que nos eduque, não que nos deixe exaustos”, contra os anúncios do governo Syriza-Anel, assim como contra o envolvimento perigoso do nosso país [Grécia] nos planos imperialistas dos EUA, da OTAN e da União Europeia. O Syriza fecha os olhos para essas mobilizações que estão aumentando sob a luz da “Lei do Ensino Médio”.
  • As mobilizações de pais, estudantes e professores das Escolas de Música e Artes, que forçaram o governo a recuar.
  • As reações de milhares de estudantes contra os esforços dos fascistas, que até mesmo quando encontravam faixas com motes nacionalistas escritos do lado de fora de suas escolas, as arrancavam eles mesmos.

Existe uma explicação para ambos a imensa promoção e esse “enterro”. Eles são convenientes para a Nova Democracia, para que ela possa pescar nas águas lamacentas do nacionalismo, assim como para o Syriza, que, através dessas reações, tenta alimentar um falso esquema bipolar. Ambos aumentam as forças da organização criminosa nazista Aurora Dourada. A posição do governo, colocando que todos que se opõem ao tratado Tsipras-Zaec são nacionalistas, aumenta a força do Aurora Dourada ou não? De fato, no exato momento em que a posição do KKE [Partido Comunista da Grécia] era negativa, uma vez que o Tratado de Prespes foi imposto pelos EUA, pela OTAN e pela União Europeia. O Syriza e a ND estão ou não alimentando o Aurora Dourada, quando se focam no problema do nome, escondendo o problema essencial e alarmante para os povos dos Bálcãs: que através do Tratado Tsipras-Zaev, os planos dos EUA-OTAN-UE se desenvolvem para conter a influência russa na região, e os antagonismos que cheiram como pólvora para os povos estão entrando em uma nova e perigosa fase? Todos estão escondendo isso, inclusive os fascistas, porque estão de acordo.

O antifascismo do Syriza e de sua frente com a extrema-direita é “à la carte”. Ao mesmo tempo em que derrama lágrimas pelas vítimas de racismo, o governo criou infernos como na região de Moria. Ao mesmo tempo em que Orban, Le Pen etc. são uma ameaça para o Syriza – e são mesmo uma ameaça , o Syriza glorifica Trump como “diabolicamente bondoso”, que está ameaçando até mesmo com execuções os imigrantes na fronteira dos EUA com o México.

O fascismo e a extrema-direita têm causas contra as quais o povo e a juventude deve lutar. Existem interesses econômicos que subsidiam essas forças de várias maneiras, assim como já foi provado com o Aurora Dourada. Existem interesses geopolíticos que investem seus reforços nessas forças a fim de usá-las em seus perigosos planos imperialistas. Existem interesses políticos e não é possível negociar com a serpente do nazismo sob a bandeira da OTAN e da ditadura do capital.

O KKE e a sua juventude, a KNE, têm uma grande experiência em confrontar, revelar e ir ao cabo com o fascismo e o sistema que o cria. Ninguém deve esquecer isso, porque, do contrário, serão levados para cálculos incorretos.

Mobilização de pais, estudantes e professores das Escolas de Música e Artes em Atenas.

Escola ocupada na cidade de Dramas, com as faixas “Não ao acordo de Prespes. Fascistas fora de nossas escolas. OTAN fora da Grécia e dos Bálcãs.

Registro de mobilização estudantil em Tessalônica, sob a bandeira do “Exigimos uma escola que nos eduque, não que nos deixe exaustos”.

 

Traduzido por: União da Juventude Comunista – Brasil