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UJC presente na XXVII Brigada Sul Americana de Solidariedade com Cuba
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UJC presente na XXVII Brigada Sul Americana de Solidariedade com Cuba

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UJC presente na XXVII Brigada Sul Americana de Solidariedade com Cuba

“Cuba no está sola
Todo el mundo está,
Con Cuba socialista
Cuba vencerá”

Carlos Puebla

Entre os dias 26 de janeiro e 8 de fevereiro de 2020 aconteceu a XXVII Brigada Sul Americana de Solidariedade com Cuba, organizada pelo Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), instituição criada por Fidel Castro em 1960 diante da necessidade de amadurecer a solidariedade entre os mais diversos povos do mundo em direção à paz mundial, o respeito à soberania e autodeterminação das nações e a luta contra as práticas imperialistas e colonialistas promovidas pelas potências capitalistas. Além da Brigada Sul Americana, o ICAP organiza também a Brigada 1° de Maio, que conta com delegações de todo mundo, Brigada Che Guevara (Canadá), Brigada Européia José Martí, Brigada Juan Ruiz Rivera (Porto Rico), Brigada Venceremos (Estados Unidos), entre outras. Eventualmente acontecem brigadas específicas, como a Brigada Internacional “Por los camiños del Che”. Em cada uma das edições há uma programação própria.
As brigadas de solidariedade com Cuba cumprem com a missão de aprofundar o conhecimento de diversos povos estrangeiros sobre o real funcionamento do país, bem como promover relações de amizade que vão na contramão da propaganda imperialista e dos aparelhos privados de hegemonia, que vivem caluniando e divulgando mentiras sobre Cuba, sua história e seu povo. Durante aproximadamente quinze dias, trocamos experiências com cubanos e delegações de outros países da América do Sul, como Chile, Uruguai e Argentina, compartilhando distintas experiências de luta pela emancipação dos povos caribenhos e latinoamericanos, e conhecendo os mais diversos níveis da organização social da ilha socialista.
Para nós, jovens, comunistas e latinoamericanos, conhecer Cuba dentro dessa perspectiva não significou apenas ter contato com um país que nunca renunciou a sua autodeterminação diante do maior Império do mundo, que passou por um processo revolucionário vitorioso e que inspirou inúmeras gerações a fazerem de sua prática política uma luta pelo horizonte socialista, mas também um aprendizado único de como avançarmos – política e organizativamente – no enfrentamento aos problemas mais candentes do nosso país: violência urbana, desemprego, genocídio da população negra, encarceramento em massa, redução do investimento em saúde e educação pública, entrega de nossos recursos naturais e privatização de setores estratégicos da economia. Cuba, apesar das já conhecidas dificuldades, aprendeu a ser um país forte, unido, solidário e vencedor, nos ensinando diariamente a como manter o desenvolvimento social sem jamais renunciar aos seus mais sólidos princípios.
Durante a Brigada, tivemos a oportunidade de conhecer cinco províncias cubanas, entre elas Artemisa, La Habana, Villa Clara, Camagüey e Las Tunas, as quais nos proporcinou uma ampla visão a respeito de múltiplas realidades do país. Cerca de metade do tempo, os brigadistas se hospedaram nas dependências do Acampamento Internacional Julio Antonio Mella (CIJAM) – que leva o nome de um dos fundadores do Partido Comunista de Cuba, líder estudantil e fundador da Federação dos Estudantes Universitários (FEU) – na cidade de Caimito, em Artemisa. Esse espaço, existente desde os primeiros anos posteriores ao triunfo da revolução, foi construído através e para as missões de solidariedade. Foi durante o período de hospedagem no acampamento que ocorreram conferências sobre temas latentes da sociedade cubana – tais como os efeitos do bloqueio econômico, a vigência do pensamento Martiano, a relação de Cuba com os direitos humanos – jornadas de trabalho voluntário e confraternizações culturais entre os diversos países ali presentes.
No período dedicado às visitas às demais províncias, participamos de atividades que tinham como objetivo o conhecimento de diferentes aspectos do funcionamento da sociedade em Cuba. Além de visitas a fábricas, hospital, escola, polos de produção agrícola, cooperativas e espaços históricos, foram realizados uma série de encontros com diferentes organizações da sociedade civil e autoridades locais, através das quais pudemos tanto conhecer mais do passado e presente do país, quanto dialogar diretamente com a população, que constrói ativamente o processo revolucionário na ilha. Um grande momento da Brigada Sul Americana foi nossa participação na “Marcha de Las Antorchas”, evento realizado pelos estudantes em memória ao herói nacional de Cuba, José Martí, e em homenagem ao seu natalício. A marcha ocorreu pela primeira vez em 1953, e até hoje, todo dia 27 de Janeiro, centenas de cubanos descem a escadaria da Universidade de Havana erguendo tochas e caminhando pelas ruas.
A história do país de Fidel, Che, Cienfuegos, Celia Sánchez, José Martí e muitos outros que dedicaram suas vidas à luta pela independência definitiva da pátria é um exemplo de avanço e resistência. As tentativas de desestabilização da revolução cubana, desde o enfrentamento à colônia espanhola até os dias de hoje, nunca ofuscaram a marcha consciente de seu povo em direção a sua própria emancipação. Acentuadas no período posterior ao triunfo de 1959, as perseguições, guerras biológicas, propaganda ostensiva, assassinatos, atentados terroristas, bloqueios, sanções, embargos e até mesmos intervenções militares, patrocinadas em grande parte pelos Governos estadunidenses contra Cuba, nunca foram motivos para que a revolução renunciasse aos seus compromissos centrais: a construção da democracia proletária, as reformas agrária e urbana, a universalização do acesso à saúde gratuita e de qualidade, a erradicação do anafalbetismo, a socialização dos meios de produção, o desenvolvimento da cultura, da arte e do esporte, a garantia de emprego para a população e a solidariedade aos povos e às causas justas do mundo.
Uma coisa que talvez o Império não tenha aprendido é que não existe sabotagem, bloqueio ou invasão militar capaz de derrotar um povo unido e consciente de seus desafios. Grande parte dos trabalhadores, camponeses, explorados e oprimidos, a partir da revolução, passou a ter garantia ao emprego, à vida digna e ao sonho com um futuro promissor, e por isso sempre estão dispostos a fazer o esforço que for necessário para defender esse legado. É por meio desse massivo apoio popular que o socialismo cubano segue de pé.
O período atual não é fácil, o governo de Donald Trump decretou mais de 80 medidas contra Cuba apenas no ano de 2019, intensificando o bloqueio por meio do título III da lei Helms-Burton, impedindo que embarcações de petróleo e cruzeiros chegassem ao país, suspendendo vôos e atacando de modo unilateral o país do ponto de vista ideológico, financeiro, econômico, comercial e político. Essas medidas genocidas têm como consequência não apenas a desestabilização do regime, mas atentam também contra os próprios trabalhadores cubanos em seus mais diversos aspectos da vida cotidiana. A escassez de produtos, a redução da capacidade de consumo da população e o desabastecimento são só alguns dos resultados práticos dessa política terrorista, assassina e violenta, impondo a todos aqueles que defendem os valores humanistas mais básicos o mais veemente repúdio.
Às ingerências imperialistas, Cuba responde com ajudas humanitárias aos mais diversos países do mundo e com os mais valorosos exemplos de solidariedade internacional – tendo como exemplo mais recente, dentre muitos de uma história de décadas de apoio aos povos do mundo, o envio de médicos à China para combater o coronavírus. Desde os mais jovens até os ex combatentes da revolução, os cubanos seguem defendendo a pátria, a sua história e conscientes de que apenas de forma unitária e coletiva os problemas serão solucionados. Ostentam com orgulho o fato de viverem em um país seguro e tranquilo – com ínfimas taxas de criminalidade – no qual se garante tanto o direito ao estudo gratuito em todos os níveis e a todas as idades, quanto o oferecimento – também gratuito – de todos os serviços de saúde – desde um remédio para gripe até transplante de órgão – a toda população.
Esse sistema contra-hegemônico e antiimperialista, que caminha na tendência contrária ao que observamos na América Latina, é sustentado por uma das democracias mais avançadas do mundo, sem a qual não seria possível a manutenção de um regime que atingiu conquistas que para muitos países do cone sul são sonhos ainda distantes. Se em grande parte das nações vitimadas pelo imperialismo estadunidense há uma mudança constante e arbitrária de governos, ingerências unilaterais e desrespeito à soberania nacional, em Cuba a política de governo, bem como as eleições e a mudança de constituição, é referenciada por amplos espaços de discussão desde as bases da sociedade. Se na democracia brasileira, por exemplo, os debates parlamentares e a política de Governo encontra como limite os interesses da burguesia e do imperialismo, em Cuba os limites da administração do Estado são os interesses daqueles que estão no poder, isto é, o povo, os trabalhadores e suas classes aliadas.
Todas as organizações de massa – que representam os interesses dos mais diversos estratos sociais – tais quais a FEU (Federação dos Estudantes Universitário), FEEM (Federação de Estudantes de Ensino Médio), UJC (União dos Jovens Comunistas), FMC (Federação de Mulheres Cubanas), ANAP (Associação Nacional de Pequenos Agricultores), CDR (Comitês em defesa da Revolução), CTC (Central de Trabalhadores de Cuba) têm participação assegurada pelas instituições governamentais, indicando 50% dos representantes das casas legislativas do país em todos os níveis (municipal, provincial e nacional). Existem vários espaços deliberativos que asseguram a participação direta das massas na definição dos rumos do país. Desde os CDRs, organização mais massiva do país, que possui pelo menos um comitê a cada quadra, até a Assembléia Nacional do Poder Popular, as necessidades das mais diversas categorias da população são consideradas enquanto elementos basilares da política. É essa pulverização do poder que orienta o desenvolvimento do país, a distribuição dos recursos socialmente produzidos e as prioridades de investimento econômico e científico. Não há espaço para banqueiros, latifundiários, grandes empresários e rentistas decidirem de forma arbitrária os rumos do país à revelia dos interesses do povo. A democracia é a expressão da voz da revolução, sem espaço para contrarrevolucionários, mercenários e imperialistas.
Não importa o que dizem os anticomunistas, os monopólios de comunicação e os capachos do governo Trump, Cuba segue de pé, socialista, firme como sempre, consciente de seus desafios futuros e preparada para passar por cima de todos aqueles que querem destruir as vitórias arduamente conquistadas pelo seu povo. Cabe a nós sermos solidários, conhecer de modo profundo – a fim de responder pacientemente às constantes mentiras das quais são vítimas – o funcionamento do país, denunciar o criminoso bloqueio e avançar nas lutas sociais em nossas nações, dando assim a maior prova de solidariedade à ilha caribenha, que há mais de 60 anos – sendo um exemplo para os povos explorados e oprimidos do mundo – vive incomodando as potências que não aceitam a verdadeira soberania dos países do chamado Terceiro Mundo.

Extrato da Declaração Final da XXVII Brigada Sul Americana:
“Nós, integrantes da XXVII Brigada de trabalho voluntário e solidariedade com Cuba, 84 participantes, provenientes de Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, constatamos a heróica resistência do povo cubano; as conquistas atingidas em sessenta anos de Revolução, agradecendo profundamente a oportunidade de aprender com suas experiências baseadas no legado do Comandante Fidel Castro Ruz e a continuidade histórica de sua Revolução que coloca em prática os ideais e princípios de Maceo e Martí apesar do genocídio a que está submetido o povo cubano pelo governo dos Estados Unidos. Guiados pelos ideais de liberdade, paz, soberania, unidade e integração das nações latino-americanas, em solidariedade com os irmãos da República de Cuba (…). Reafirmamos nossa solidariedade e amizade com o povo de Cuba, o fortalecimento e crescimento das relações fraternais, o respeito entre nossos povos, o direito à soberania e autodeterminação, o fortalecimento do movimento de amizade e solidariedade mediante a criação e consolidação das organizações em cada um de nossos países permitindo a continuidade da Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba e impulsionar a unidade, integração e respeito entre nossos povos. Convidamos todos a participar ativamente nas atividades pelo 60º aniversário do ICAP na certeza de que “Com Cuba, nós nos entendemos”! Viva 60º Aniversário da Revolução Cubana! Viva 60º Aniversário do Instituto Cubano de Amizade com os Povos! Viva a amizade e a fraternidade entre os povos latino-americanos e caribenhos! Pátria ou morte, venceremos!”