Todo apoio à resistência palestina e à sua luta de libertação
Os recentes ataques e bombardeios covardes pelo Estado de Israel contra a população palestina na Faixa de Gaza estão se configurando como o maior massacre já visto naquela região desde o Nakba de 1948. Segundo os dados recentes, o número de vítimas já ultrapassa o do Massacre de Srebrenica na Bósnia, o sangrento episódio de limpeza étnica praticado pelos sérvios em 1995.
A escalada da agressão marca um agravamento da opressão colonial, constante e violenta, denunciada há décadas pelos movimentos sociais, por parte da comunidade internacional, por organizações independentes e dos direitos humanos. As ações das forças coloniais de Israel em Gaza atendem aos critérios técnicos de genocídio e limpeza étnica, e nas últimas semanas Israel vêm cometendo sistematicamente crimes de guerra e contra a humanidade. Suas ações não podem ser relativizadas. Da mesma forma científica, observando rigorosos aspectos técnicos, precisamos dar nome à brutal realidade vivida pelo povo palestino dentro de sua terra ocupada: Apartheid.
É inegável que a população palestina é oprimida sistemática e institucionalmente pela autoridade constituída do Estado de Israel. Palestinos são tratados como cidadãos de segunda classe em seu próprio território. São inferiorizados e não possuem legalmente, menos ainda na prática, os mesmos direitos sociais e políticos assegurados aos judeus. O Estado de Israel é, portanto, um dos únicos etno-estados da história e sua natureza racista e colonial, baseada na doutrina sionista, é verificada em amplos setores da sociedade e da política israelense. Vale ressaltar que essa natureza independe do governo no poder e a história demonstra materialmente há mais de 70 anos a prática do sionismo.
Sendo assim, é legítimo o movimento de resistência e libertação do povo Palestino. A resistência palestina é um movimento amplo, de muitas organizações com pluralidade política e de pensamento. Diferente do que é apresentado pela mídia hegemônica, a resistência palestina não é composta somente pelo Hamas. O direito de autodefesa, inclusive armada, é assegurado pelo direito internacional. A radicalização da resistência palestina é produto do processo colonial que massacra constantemente a população nativa, inviabilizando a reprodução da vida material desse povo, condenando-o à miséria e à falta total de perspectivas.
O pretexto de combater o Hamas e o “terrorismo” serve apenas para tentar dar legitimidade perante a opinião pública internacional para a truculencia colonial intensificada após o 7 de outubro. O avanço do projeto colonial de ocupação e limpeza étnica da Palestina é abertamente apoiado pelas potências imperialistas ocidentais sob esse pretexto.
Lembramos que o Hamas se desenvolve e fortalece como consequência da violência colonial israelense, e dos fracassos dos acordos de paz. Quando Yasser Arafat e o Fatah assinaram os acordos de Oslo e decidiram depor as armas, mesmo com todas as concessões feitas pela liderança palestina daquele momento, o Estado sionista continuou se expandindo territorialmente e se aproveitou da disposição ao diálogo demonstrada pelos palestinos para seguir com a violência colonial em curso. Isto levou boa parte do povo palestino a se desiludir com a via da conciliação para a conquista dos seus objetivos nacionais e, eventualmente, ao crescimento dos partidos que continuavam a defender a luta armada como forma de resistência anticolonial.
Não se deve igualar todo o povo palestino ao Hamas como sugere a propaganda sionista numa tentativa de justificar o genocídio através do espantalho do “terrorismo” e divergir da questão colonial, como se a violência começasse num vácuo histórico do 7 de outubro ou como se a resistência nada tivesse a ver com o projeto de limpeza étnica e a consolidação do etno-estado.
O projeto social palestino e o papel do Hamas é um debate aberto e que cabe aos palestinos em sua autodeterminação. Para haver esse debate é necessário que haja condições materiais e humanas para tal, não há avanço sem o respeito aos direitos e a vida dos palestinos. Há de haver Palestina e palestinos para se debater um projeto de sociedade, qualquer que seja ele, entendendo que este processo deve ser tocado pelos palestinos sob os seus termos, autonomia e soberania. É necessário o reconhecimento do Estado Palestino, da preservação da sua história, cultura e da sua luta. A defesa da sobrevivência palestina não é apenas legítima e louvável, frente à progressiva desumanização e apagamento de sua história e cultura; é uma questão urgente, inadiável, em termos numéricos e materiais. A UJC como organização revolucionária se põe ao lado da resistência do povo palestino.
Alguns setores do dito campo progressista e da esquerda liberal, defendem a frágil ideia de que a derrubada do atual governo de Benjamin Netanyahu representaria o fim desse estado de violência. Isso é uma afirmação cínica. Como já mencionado, não se trata de um problema de governo, mas sim do caráter do Estado de Israel, que desde sua fundação em 1948, foi pautado pelo processo contínuo de expropriação violenta e ocupação de terras, independente da posição no espectro político do governo da situação. Tal violência força que milhares de palestinos se refugiem pelo mundo, forçando um movimento de diáspora. A UJC rechaça veementemente a existência de um sionismo socialista ou um sionismo de esquerda, e defende que as relações diplomáticas e econômicas com Israel sejam abolidas. O povo brasileiro rejeita a manutenção do genocídio em todas as suas esferas, seja através da legitimação política ou da sustentação material do seu propulsor.
A natureza violenta e colonial do Estado de Israel nasce do sionismo, uma ideologia formulada na Europa do século XIX que evoca os elementos mais problemáticos do nacionalismo burguês europeu baseado na concepção de supremacia étnica dos judeus sobre os palestinos como as bases do Estado de Israel.
Uma das manobras mais audaciosas da propaganda sionista, repercurtida pela mídia ocidental, é a de atrelar Antissionismo e Antissemitismo como sinônimos. Essa é uma falsa equivalência para invalidar automaticamente qualquer opinião crítica ao caráter colonial do Estado de Israel. Essa manobra ideológica fraudulenta conforta o silêncio generalizado de intelectuais e acadêmicos que não ousam levantar a voz contra o caráter colonial intrínseco da ocupação. O sangue está também nas mãos dos inertes.
Na Faixa de Gaza vivem aproximadamente 2 milhões de habitantes cercados por terra, ar e mar, compostos majoritariamente por crianças e mulheres que carecem de fontes limpas de água, soberania alimentar e energética. Todo o fornecimento é estritamente regulado pela ocupação sionista. Qualquer ataque militar sobre esse território ceifa a vida de milhares de inocentes levando a um estado coletivo físico e psíquico insustentável. Gaza é hoje o maior campo de concentração a céu aberto do mundo.
A paz não é uma ideia abstrata, não pode ser entendida como a inércia de um povo sob jugo da colonização e da violência. A paz só é alcançada quando a justiça é partilhada entre todos. Não é justo que crianças se tornem órfãos e sem teto da noite pro dia. Não é justo que as pessoas tenham suas casas e terras invadidas, desapropriadas e demolidas diariamente. Não é justo que um povo tenha seus locais sagrados profanados. Não é justo impor a criação de um Estado baseado em supremacia étnica numa terra já habitada. Todo processo de descolonização requer uma resposta maior à violência que lhe é imposta. E não é razoável exigir mais diplomacia de um povo que é estrangulado há décadas, que grita e é silenciado.
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É necessário organização, disciplina e solidariedade internacional para que possamos construir novas frentes de atuação exigindo, através da mobilização e da conscientização popular, que retaliações internacionais sejam aplicadas contra os crimes que o Estado de Israel perpetua há 75 anos. É uma das missões que nos cabe para impedir o avanço do massacre palestino e a colonização de suas terras enquanto a resistência se organiza e avança sobre o etno-estado sionista.
Décadas de expropriação, apartheid, confinamento e a brutal violência contra um povo impedido e refém em sua própria terra. Mais uma vez o Gueto de Varsóvia se ergue. Nos solidarizamos com a reação legítima dos setores organizados do povo em sua luta pela emancipação e libertação da Palestina do jugo colonial. Por uma Palestina livre onde possam conviver árabes e judeus em plena igualdade social, se desenvolvendo plenamente em paz, como assim o era por séculos antes da criação do Estado de Israel.
Viva a Resistência do Povo Palestino!
Palestina livre do rio ao mar!
União da Juventude Comunista
Juventude Sanaud
29 de novembro de 2023