Sobre as eleições para o DCE – UnB
Nos dias 25 e 26 de outubro se deram as eleições para o Diretório Central de Estudantes e para as cadeiras de Representação Discentes nos conselhos superiores da Universidade de Brasília. Após campanha que se iniciou no começo desse mesmo mês, mas que tomou praticamente cerca de quinze dias, tirando-se os feriados e finais de semana. A campanha se apresentou bem cheia, tendo 395 estudantes distribuídos na organização de oito chapas, um número bastante elevado.
A avaliação da UJC sobre as eleições.
Mas esse não é o único caso, vimos a chapa 8 tendo expressividade enorme onde antes se via a hegemonia da AE-PT, prova maior da perda de base dessa corrente para a direita. Não faço aqui uma análise com enfoque na FT, nem em seus estudantes, nem tão pouco parto da idéia de que não são estudantes como quaisquer outros pela UnB. Avalio aqui que a direita cresceu, e ganhou nas eleições, dado o balanço negativo das gestões que estiveram no DCE de 2009 e até então.
No decorrer do ano vimos a ação unitária de setores da esquerda na UnB em ações pontuais crescendo, mas cresceu também o diálogo e a perspectiva de fortalecer um campo onde o movimento estudantil pudesse fortalecer uma perspectiva de organização independente de governos e reitoria, de resistência pela esquerda aos programas e decretos para a educação que promovessem o aprofundamento das opressões e da precarização do ensino público, de levantar bandeiras abandonadas pelos setores do ME que hoje também se encontram no governo. Viu-se também uma abertura para o resgate do debate sobre projeto de educação e de universidade, no debate sobre a universidade popular. Quem sustentou essa perspectiva esteve sempre se organizando junto à quem hoje compõe o Coletivo Mobiliza, de 2010 para cá. Esse foi o caso de muitas e muitos estudantes, de mais de 28 cursos, dos 4 campi da UnB, de organizações como a UJC, Vamos a Luta, Juntos e independentes. Não foi o caso da ANEL/PSTU. Em vários cursos, destaco aqui C. Sociais e Pedagogia que juntos somaram mais de 250 votos, a ANEL prestou um desserviço à esquerda de luta. Com a realização de seu primeiro congresso se aproximando, em Julho de 2011, essa organização se apressou em tirar delegados onde pudesse. Essa tiragem de delegados, no entanto foi um processo exaustivo, em especial nas Ciências Sociais onde chegou-se a ter uma assembléia, não convocada pelos CA’s e nem por estudantes do curso mas sim pela ANEL, contendo como única pauta o I Congresso da Anel. Como se não bastasse, já havia uma assembléia convocada pelos CA’s para o mesmo dia, essa com pauta mais extensa, urgente e legítima. Foi esse tipo de ação que começou por descaracterizar o PSTU como parte de nosso grupo na UnB, novamente cito apenas um exemplo, mais um caso em meio a muitos mais. Por esse motivo quem compôs a chapa 05 – Mobiliza UnB percebeu que o chamado para a unidade, feito por esse setor cuja a expressão nas eleições beirou o ridículo, era um chamado para uma unidade artificial, um discurso que surge todas as eleições mas que não perdura para a criação de uma militância unificada de esquerda na UnB. Na verdade o balanço que as correntes que compõe o coletivo Mobiliza faz vai no sentido de perceber que o próprio PSTU, em seu discurso hegemonista, fez um trabalho de auto-isolamento ao mesmo tempo que queria submeter seu programa goela abaixo de quem eles chamavam para fazer essa falsa unidade. Cito o caso em que a juventude do PSTU tentou dirigir a UJC, entrando em contato com um de nossos camaradas professores que está no PCB e o solicitando que direcionasse o apoio da UJC à realização da tiragem de delegados da ANEL pela UnB. Não tendo conseguido isso tentaram, mesmo assim, advertir à UJC de que haveria um acordo com esse professor e que, caso não houvesse acordo com a UJC, teríamos um grave problema interno. Tudo isso não passou de delírio de militantes da ANEL. É esse o chamado da unidade? Não tivemos ilusões, a esquerda esteve sim unida para as eleições e se organizou na chapa 05, sem a pífia contribuição e o grande prejuízo de correntes como a ANEL, que não ganhou em absolutamente nenhuma urna, desempenho muito aquém da única chapa, a Mobiliza UnB, que arriscava uma vitória contra a direita, uma vez que já se visualizava uma vitória desta chapa contra o governo. Indignados com o resultado das eleições, tendo em vista o notável isolamento da ANEL, este grupo passou à alardear a mesma avaliação da AE-PT sobre as eleições, tendo mudado apenas alguns personagens centrais. Na avaliação da AE, a direita ganhou porque a chapa 04, do PSB, rachou os votos que iriam para a chapa de reeleição. Na verdade a própria chapa 08 já tomou conta disso. Para o PSTU esse papéis são ocupados pelas chapas que teriam rachado, a 02 e a 05, e apresentam uma análise que reduz política à uma matemática simplista. Como uma chapa pôde rachar se não esteve junta antes?
Por fim…
Thiago Santos Souto de Andrade
UJC – DF