Estimado companheiros e companheiras, é com imensa satisfação que recebemos o convite de participar como observadores do I Congresso Nacional do Movimento de Pequenos Agricultores. A União da Juventude Comunista – UJC, juventude do Partido Comunista Brasileiro – PCB, saúda a realização desse congresso com extrema fraternidade e com a certeza que os debates que se desenrolarão nesse importante momento serão fundamentais para a organização do campesinato para o próximo ciclo de lutas que se inicia.
Observamos com extrema atenção suas iniciativas em discutir um programa popular e antiimperialista para a realidade rural. Em direta contradição com os monopólios capitalistas e o agronegócio, que modelam a produção rural em vistas apenas da ampliação de seus lucros e capitais, o campesinato brasileiro busca outras formas de produção que construam a autonomia de classe do campesinato e que produza alimentos saudáveis para alimentar o povo brasileiro. O combate por uma produção não mercadológica e pela soberania alimentar de nosso povo é a maior contribuição que os camponeses tem a dar para a construção de outra sociedade.
Contudo, obstáculos se erguem hoje frente à causa camponesa e popular. O agronegócio tem buscado se afirmar como a alternativa social para o campo e para isso tem encontrado parceiros na grande mídia e nos governos que tem se sucedido nas últimas décadas em nosso país. Entendemos como sintomático de que as classes dominantes sentem-se seguras quanto ao seu projeto para o campo que a pasta da agricultura desse governo seja hoje ocupado por Kátia Abreu, uma das principais lideranças do ruralismo.
Não podemos deixar de levantar que medidas de redistribuição de terra tem se tornado ainda mais escassas e que hoje uma reforma agrária radical está fora da pauta dos governos. A concentração de terras sob propriedade de poucos latifundiários e empresas capitalistas nacionais e internacionais seguem mantendo uma realidade de desigualdade social, especulação com as terras e de bárbaras condições de trabalho no campo. Seguem sendo fechadas escolas rurais por todo o país, um evidente retrocesso na educação da juventude rural na esteira de políticas que tornam ainda mais dura a vida no campo. Populações indígenas seguem sendo massacradas pelos jagunços do agronegócio, como os recente massacre dos Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Parlamentares investigados por trabalho escravo em suas propriedades rurais que mantém-se intocáveis são a evidencia de um triste quadro do campo e da permissividade desse sistema político para com as formas mais degradantes de trabalho. Atravessadores pagam preços rebaixados para os pequenos agricultores por sua produção e agrotóxicos degradam a saúde dos produtores rurais e dos trabalhadores urbanos que os consomem em seus alimentos. Mafias garantem as licitações para abastecimento alimentar de instituições públicas para as suas empresas rurais em oposição do fortalecimento da agricultura camponesa.
Essas são algumas das inúmeras dificuldades para o bem estar da classe camponesa e nosso país. A Juventude Comunista entende que esse Congresso tem o potencial de ser um marco nesse cenário de crise do capital. Manter nossa organização frente a crescente ofensiva que as classes populares estão sofrendo é a nossa tarefa e a unidade do povo trabalhador a solução. O Poder Popular é a única forma de garantirmos nossos direitos e avançarmos em nosso projeto de sociedade. Desejamos um bom congresso a todos e todas e deixamos desde já nossa juventude a disposição da construção de ações conjuntas no campo e na cidade fortalecendo a autonomia das classes populares frente aos monopólios e os governos por uma reforma agrária radical e pela nossa soberania alimentar!
Quando o campo e a cidade se unir a burguesia não vai resistir!
Ousar Lutar, Ousar Vencer!
Coordenação Nacional da UJC – Brasil
Outubro de 2015