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Racismo, perseguição ao funk e a prisão de MC Poze

Racismo, perseguição ao funk e a prisão de MC Poze

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Na manhã dessa quinta-feira (29/05), o MC Poze do Rodo foi preso em sua casa sob a justificativa de apologia e envolvimento com o tráfico de drogas. A operação foi realizada pouco tempo após o surgimento dos projetos da “Lei Anti Oruam“, que rodaram por várias cidades e estados visando proibir a contratação de MC’s que supostamente fazem “apologia às drogas e ao tráfico”. 

 A prisão de MC Poze é mais um evento que comprova uma perseguição deliberada por parte do Estado e suas forças repressivas ao funk e às musicalidades negras e periféricas de nosso país. A justificativa é sempre a mesma: apologia às drogas e associação ao tráfico. Entretanto, a prática visa censurar e silenciar as práticas culturais negras e das periferias de nosso país. Assim, cantar em bailes funk, versar sobre a realidade e expressar uma musicalidade tornam-se crimes alvos da violência de Estado.

Isso, infelizmente, não é uma novidade. Para criminalizar o samba e sua cultura musical, o Estado brasileiro fazia uso da lei da vadiagem para prender musicistas, apreender instrumentos e coibir a expressão musical. O artifício de associar a expressão musical negra ao crime não é recente e é prática comum para perseguir a música, a cultura e a história produzida pela classe trabalhadora e pelo povo negro de nosso país desde os seus primórdios. 

Nota-se que o Estado usa de outros artifícios que não apenas a repressão policial, utilizando o aparato jurídico para legitimar esses movimentos. São diversos os projetos de leis que incidem sobre o uso dos espaços e regulamentam a festa com o intuito de dificultar a expressão do funk em seu local de origem, a favela. Lembremos que em 1999 o juíz Ciro Darlan proibiu os bailes no Rio, associando-os diretamente ao crime, após três mortes ocorridas no baile do Chaparral. De lá para cá, a perseguição do estado burguês não cessou. 

Por outro lado, quando a expressão cultural é enxergada com um potencial geração de um lucro a ser apropriado pela indústria cultural se inicia um processo de disputa pela domesticação e esvaziamento do significado da música enquanto prática social. Ao mesmo tempo que vemos MC’s oriundos de comunidades sendo presos, o funk é cada vez mais cooptado pelos interesses de lucro da burguesia, em completa desconexão com suas lutas e raízes históricas. Por fim, quando esse processo de disputa é dificultado, o Estado não hesita em recorrer à violência. 

Neste sentido, a União da Juventude Comunista se coloca contrária a perseguição ao Funk e a todas musicalidades negras e periféricas. A prisão de MC Poze do Rodo é a expressão mais recente dessa perseguição e censura. Se colocar contra as perseguições racistas que visam censurar o funk é dever do movimento comunista!

União da Juventude Comunista (UJC)
1º de junho de 2025