Por um Brasil sem fome

Chegamos ao fim do ano, época das festas e comemorações entre famílias e amizades, que marcam, para boa parte dos brasileiros, o Natal e o Ano Novo. Entretanto, não é uma época de festa para todos, visto que segundo relatório da ONU publicado em julho deste ano, o Brasil possui cerca de 21 milhões de pessoas em situação de fome e aproximadamente 70 milhões vivendo com algum grau de insegurança alimentar. 

Isso quer dizer que, no Brasil, 1 a cada 10 pessoas não tem o que comer diariamente, e 1 a cada 3 comem menos do que o necessário para uma nutrição saudável. Essa situação calamitosa é resultado direto da ofensiva burguesa operada por Temer e Bolsonaro, entretanto não há como ter esperanças de que ocorra uma reversão radical desse quadro em um governo Lula, que assim como antes, se mostra submisso aos anseios do “mercado” e, particularmente, do agronegócio. 

Cabe destacar que o Brasil produz muito mais do que o necessário para alimentar toda a sua população e é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. Só que a maior parte da alimentação dos brasileiros é garantida pela agricultura familiar, isto é, pequenos e médios produtores, enquanto o agronegócio, que concentra a imensa maioria das terras, toca uma política voltada para fora, auferindo lucros exorbitantes com suas exportações ao mesmo tempo que milhões de brasileiros passam fome. Tudo isso com a subserviência do Estado brasileiro que, por meio da lei Kandir, isenta o agronegócio de pagar impostos sobre exportações. 

O problema da fome é gritante e mostrou suas faces mais cruéis durante o governo Bolsonaro, com as filas de pessoas buscando doações de restos de ossos em plena pandemia e com o genocídio do povo Yanomami no norte do país. Agora, as medidas tímidas de recuperação dos programas sociais, extremamente limitadas por conta das políticas de austeridade fiscal, podem oferecer certo alívio momentâneo, mas ainda são muito insuficientes e não darão conta de promover um crescimento econômico efetivo e uma redistribuição de renda capazes de superar de vez o problema da fome no Brasil. 

Para combater a fome, não bastam programas focalizados e paliativos, que lidam somente com os casos sintomáticos sem atacar a causa da doença. É necessário realizar uma Reforma Agrária radicalmente popular, com vistas a democratizar o acesso à terra para quem trabalha e aumentar a produtividade de alimentos voltados para o mercado interno, em conjunto com políticas sólidas de geração de emprego e de moradia popular. Esse é o ponto de partida para permitir uma produção agrícola voltada à soberania alimentar e garantir que os brasileiros tenham condições de consumir esses alimentos. Para um Natal sem fome, precisamos de um Brasil sem o agronegócio. É preciso produzir o necessário e redistribuir tudo! 

União da Juventude Comunista

25 de dezembro de 2023