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Pela Unifesp nos Pimentas! Abaixo o burocratismo corporativista!
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Pela Unifesp nos Pimentas! Abaixo o burocratismo corporativista!

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UJC – SP

Posição da União da Juventude Comunista sobre a proposta a ser votada pela Congregação do campus Guarulhos da Unifesp, referente à realização de consulta pública sobre sua permanência no bairro dos Pimentas.

A burocracia acadêmica da Unifesp tem dado sucessivas demonstrações de seu caráter anti-democrático, muitas vezes por meio da mais evidente demagogia barata. Estão praticando ações paralelas para dar a aparência de legitimidade a ações isoladas, que não refletem o que deseja a maioria da universidade e da população de Guarulhos, pra não falar de todo o país, que se mobiliza ano a ano (professores, técnicos, docentes, estudantes e trabalhadores das mais variadas faixas etárias e categorias profissionais) pela universalização do direito à educação superior pública, com plenas condições para a formação.

Por um lado, aprovam na congregação uma medida sem correspondência real com a discussão que é feita no campus e com a mobilização que há em Guarulhos por iniciativa da própria população, a favor de uma universidade federal na cidade.

Doloroso para qualquer estudante consciente é ver o argumento que estes oportunistas utilizam para defender a saída do campus do bairro dos Pimentas, de que a população de Guarulhos não o quer na cidade, de que determinada pesquisa demonstrou que preferiria um campus da área de medicina, ou recorrendo ao argumento corporativista da dificuldade de acesso ao campus.

São como generais que traem a própria pátria, desmerecem o próprio esforço e preferem, a conceber um projeto que se articule com as necessidades da população a nível local (formação de professores e pesquisadores que morem na região e com ela se identifiquem, mesmo que em determinada conjuntura sejam uma minoria), tirar o campus de um bairro periférico e transplantá-lo para um lugar mais ao gosto elitista do intelectual brasileiro, distanciado da realidade da maioria da população. Tanto os argumentos depreciativos ao bairro dos Pimentas, presentes em um dossiê elaborado pelo departamento de Filosofia, quanto os da dificuldade de acesso, demonstram o corporativismo presente nos argumentos, como se o propósito de uma universidade se encerrasse nela própria e nos desejos de ascensão profissional dos estudantes da área de Humanidades que peregrinam das mais variadas regiões até a EFLCH.

Conseguem convencer com seus argumentos baratos uma parcela dos estudantes em estado de consciência servil, verdadeiros bajuladores que tratam suas aulas como se fossem missas e os professores padres, muitas vezes interessados ainda em benefícios como bolsas de iniciação científica.

Mas aqui ainda estamos no ponto em que se busca dar a aparência de legitimidade para a burocracia acadêmica. Para agradar ao CONSU, até o momento contrário à saída da Unifesp de Guarulhos (ou do bairro dos Pimentas), propõem uma consulta à comunidade acadêmica da EFLCH no conhecido formato 70-15-15, adotado em todos os órgãos da universidade com poder de decisão, que atribuem ao setor docente o peso de 70% nas decisões sobre a universidade.

Trata-se de uma proposta do departamento de Ciências Sociais, que tem grande chance de ser aceita pelos demais, e pergunta aos estudantes se preferem que o campus fique no bairro dos Pimentas, no centro de Guarulhos ou no centro de São Paulo (nem é preciso perguntar o que preferem os setores mais retrógrados).

Para os estudantes não tão subordinados, mas que não têm solidez de opinião quanto à questão da permanência do campus, tentam dar a aparência de legitimidade criando espaços de discussão a respeito da mesma. Um colóquio com formato imposto pela congregação, mas onde a maior parte dos professores, estudantes e técnicos que participaram (mesmo dos que compunham as mesas) se declararam contrários à saída do campus ou de qualquer de seus departamentos do bairro dos Pimentas, e um método de compartilhamento de artigos por meio de lista de e-mail institucional, por iniciativa da mencionada professora Christina Andrews.

As conclusões a que se chega em semelhante situação, fazendo ainda um retrospecto de tudo o que tem ocorrido nos últimos anos em relação à educação superior federal brasileira, são tristes:

– A expansão do ensino superior federal de nove anos pra cá é um fracasso. O movimento de greve nacional que envolveu estudantes, professores e técnicos demonstrou que expandir vagas em universidades sem verbas e violar princípios socialmente legitimados quanto à negociação com sindicatos, entidades e movimentos organizados nas universidades, os quais representam setores diretamente afetados pela expansão sem verbas e planejamento, conduz a situações insustentáveis.

O Governo Federal apóia as burocracias acadêmicas, especialmente nos campi onde esta tenha mais poder, porque elas são atreladas ao Estado e beneficiárias diretas deste, e fazem o possível para controlar as mobilizações dos setores universitários que se organizam. Há muitas vezes reitores que, em meio às mobilizações, podem se solidarizar com o movimento geral, sejam ou não progressistas. Mas qual atitude esperar da maioria quando o Governo Federal ameaça punir os que não cortarem o ponto de grevistas? No mais das vezes a burocracia capitulará, por não ser no geral quem se encontra à frente do movimento organizado do setor docente, além de ser atrelada ao Estado. Na Unifesp, tanto a Congregação da EFLCH quanto a reitoria declararam apoio ou efetivaram sindicâncias contra estudantes que participaram da última greve, defendendo o argumento individualista de que ´´greve é pra quem quer fazer greve“.

Houve casos recentes de estudantes ameaçados de morte na ocasião da greve dos estudantes da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) em 2011, o que demonstra a que nível podem chegar os setores da sociedade ou do Estado que tentam sustentar um modelo insustentável de educação superior.

– Apesar de o regime político brasileiro ser distante da maioria da população, no que o caso das universidades federais é apenas um dos exemplos, o mesmo também se alicerça em algumas práticas ´´descentralizadas“, abertas a interesses corporativistas.

No contexto da crise do ensino superior federal, onde parte da burocracia está se chocando diretamente com o Governo Federal, a primeira pode muitas vezes se utilizar destas mesmas práticas para se contrapor ao segundo. Daí surgirem propostas unilaterais que expressam as vontades de setores reduzidos, isoladas das necessidades gerais da população.

Nós da UJC entendemos que neste momento é fundamental e urgente a rearticulação do movimento estudantil no campus Guarulhos da Unifesp. Não se pode permitir que um único setor, contrário à educação brasileira, contrário ao povo e alienado de sua realidade, tome a dianteira no debate sobre sua permanência no bairro dos Pimentas.

Devem estar na ordem do dia a retomada das assembleias de estudantes, a rearticulação de atos massivos pela permanência do campus e a coesão do movimento estudantil, que deverá avançar em termos de organização e descobrir os melhores meios para lutar contra as práticas reacionárias na Unifesp. Reivindicamos uma Universidade Popular, concebida pela e para a maioria da população brasileira, por isso consideramos que no campus Guarulhos é fundamental a luta por sua permanência, como um ato de defesa da autonomia universitária com democracia, sem burocratismo nem corporativismo.

Ousar lutar, ousar vencer!

União da Juventude Comunista – São Paulo