O que Representa a Plataforma Eleitoral da UNE?
No início deste mês, a União Nacional dos Estudantes (UNE) publicou em suas mídias a “Plataforma Eleitoral da UNE” (PEU), apresentando a posição da entidade frente às eleições municipais de 2024. Entretanto, a PEU contém uma série de erros graves: 1) insiste na democracia formal como uma pauta central, 2) abdica da centralidade do poder e do controle da classe trabalhadora e do povo para focar apenas na participação, e 3) continua colocando o Estado como legitimador da ordem capitalista ao “corrigir” as falhas das empresas privadas sem tomar controle delas.
Ao insistir na democracia formal como central, a PEU não oferece nenhuma alternativa concreta para a classe trabalhadora, que já está excluída do poder e dos espaços de decisão na sociedade. Assim, não pode adotar uma agenda que não lhe pertence: a defesa da democracia burguesa, principal legitimadora da ditadura do capital.
De igual modo, ao abdicar de tratar sobre o poder e o controle da classe trabalhadora sobre os serviços públicos e a sociedade em geral, a PEU perpetua o modelo falido de “democracia participativa”, onde representantes do povo são convocados para opinar sobre planos de ação sem realmente participar das decisões, resultando em uma farsa que mascara a dominação de classes.
Além disso, ao insistir em subordinar o Estado à sustentação da iniciativa privada, sem agitar sequer a expropriação dos grandes monopólios que exploram a classe trabalhadora e roubam as riquezas do povo brasileiro, a PEU permite que a burguesia continue saqueando os recursos públicos para manter seu sistema de exploração.
Apesar desses erros programáticos, a PEU ainda apresenta bandeiras que representam os interesses da classe trabalhadora e dos estudantes, como a importância da assistência estudantil e a ampliação do acesso à educação superior. No entanto, para realizar esse programa, não basta apenas a retórica: é necessário uma entidade combativa capaz de mobilizar os estudantes, o que falta na UNE devido à gestão burocrática e conciliadora da UJS1 e JPT2, transformando essa plataforma em pura demagogia.
Assim, a PEU apresentada pela UNE não pode representar os interesses dos estudantes brasileiros, seja por conter falhas graves em sua formulação que perpetuam a mistificação da conciliação de classes, sem falar em Revolução ou na construção do Poder Popular, seja por tentar enganar os estudantes com pautas econômicas que, embora importantes, não têm respaldo na luta e combatividade necessárias para sua implementação. Isso é evidenciado pela facilidade com que essas forças abandonam as pautas históricas da juventude para discutir o Arcabouço Fiscal ou apoiar campanhas eleitorais de inimigos da nossa classe, como Geraldo Júnior em Salvador.
Diante desse cenário, o papel dos comunistas nas eleições municipais de 2024 é fundamental para elevar a consciência da classe trabalhadora e da juventude, combatendo tanto o avanço do fascismo quanto as tendências conciliatórias da social-democracia. Embora cientes dos limites das eleições burguesas, os comunistas enxergam nelas uma oportunidade para expor as contradições do capitalismo, desmascarar o caráter repressivo do Estado burguês e apresentar um programa verdadeiramente revolucionário. Nesse sentido, nossa intervenção eleitoral se articula com a estratégia mais ampla de organização e mobilização popular, visando à construção de um poder autônomo, dirigido pela classe trabalhadora.
Ao contrário do pragmatismo oportunista e do apassivamento dos setores reformistas, a participação comunista nas eleições visa preparar o terreno para a ruptura com o neoliberalismo e a construção do Poder Popular. Em um momento em que o fascismo tenta avançar e as forças conciliatórias buscam apaziguar as lutas sociais, os comunistas se colocam como uma força capaz de apontar soluções estruturais para os problemas que afligem o povo. Construímos candidaturas comprometidas com a expropriação dos grandes monopólios, a socialização dos serviços públicos e a mobilização popular para a tomada do poder. Nossa atuação nas eleições municipais de 2024 é, portanto, parte de uma estratégia mais ampla que combina a luta institucional com a organização das massas, buscando transformar o terreno político e social em prol da classe trabalhadora.
Convidamos todos os jovens a conhecer e participar da Plataforma Comunista apresentada pelo PCB, que não só defende de forma revolucionária o programa socialista e o Poder Popular, mas também se compromete com a prática da combatividade e mobilização popular, o único caminho viável para alcançar conquistas diante da atual ofensiva burguesa e do retrocesso das lutas populares.
Coordenação Nacional da União da Juventude Comunista
14 de setembro de 2024