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O caos no RU da UFES: não é falha, é projeto
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O caos no RU da UFES: não é falha, é projeto

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A União da Juventude Comunista (UJC) e o Movimento por uma Universidade Popular (MUP) vêm a público denunciar o absurdo e o descaso cometido contra os estudantes do campus São Mateus da UFES, onde o Restaurante Universitário (RU) fechou as portas sem qualquer aviso prévio, deixando centenas de alunos sem janta. A administração, em vez de garantir o direito básico à alimentação, limitou-se a distribuir míseras 200 marmitas, insuficientes para atender a demanda, e ainda tentou justificar essa medida como um “favor”. Diante dessa situação, revelou-se ainda que os funcionários do RU estão submetidos a condições degradantes de trabalho, incluindo jornadas exaustivas e demissões arbitrárias. Enquanto isso, a Reitoria e a empresa terceirizada lavam as mãos, tratando a fome dos estudantes e a exploração dos trabalhadores como mera “questão de rotina”.

Não é um mero “problema logístico”, mas sim um projeto de precarização e desmonte da universidade pública

O Restaurante Universitário da UFES não vive uma crise pontual, mas um ciclo de descaso crônico, em que estudantes são tratados como “incômodo” e a alimentação digna é negada. O recente caso do pano no purê de cará do RU de Goiabeiras soma-se a uma lista escandalosa de violações: larvas, pedras e até comida vencida – como a lasanha denunciada em São Mateus, produto que sequer costuma aparecer no cardápio dos alunos. Em 2022, dezenas de estudantes intoxicados no Ceunes tiveram seus sintomas (diarreia, vômitos, tontura) ignorados pela gestão, que insiste em negar o problema.

Enquanto isso, funcionários são humilhados por chefias autoritárias, em um ambiente de trabalho tão hostil que a rotatividade virou regra. Não se trata de má sorte: é simplesmente a lógica operada por qualquer gestão privatista, em que o lucro da empresa vale mais que a saúde dos trabalhadores e dos estudantes. A marmita fria e sem aviso, a comida contaminada e o silêncio da Reitoria provam: esse modelo de RU está falido, e quem paga a conta é a comunidade universitária.

O RU da UFES é um dos mais caros do Brasil, com tarifas que pesam no bolso dos estudantes, mas entrega qualidade vergonhosa e acesso restrito. Ao passo que a administração destina mais verba a empresas terceirizadas e restringe cada vez mais as políticas de assistência estudantil, muitos alunos não veem outra alternativa senão pular roletas para comer – e, em vez de resolver o problema, a Reitoria busca criminalizar a fome, tratando como “fraude” quem busca o direito básico à alimentação. Essa lógica perversa revela a prioridade da gestão: punir o estudante em vez de garantir condições dignas de permanência na universidade. Enquanto isso, a comida falta, intoxica ou vira marmita improvisada, e o discurso oficial culpa os trabalhadores – que, explorados, já não aguentam mais.

Diante dessa realidade, resta claro que todo esse caos no RU é fruto direto das terceirizações – isto é, privatização por partes – e dos cortes no orçamento público, legados do avanço do neoliberalismo sobre o Estado brasileiro. Os cortes de verbas – impulsionados pelas políticas de austeridade fiscal – fazem parte da estratégia da burguesia brasileira, que quer sucatear a universidade pública para justificar privatizações, transformando direitos em mercadoria. A UFES, então, recebendo um orçamento cada vez menor e seguindo a cartilha liberal, entrega o serviço a empresas que lucram com comida ruim e trabalho precário. E o RU é um símbolo disso: quando deixam a comida faltar, estragar e o acesso ser negado, estão dizendo que estudante pobre não merece permanecer na universidade. Mas nós dizemos: o RU é nosso! E não vamos aceitar migalhas – nem na comida, nem na educação.

Só a luta organizada pode virar esse jogo

A UJC e o MUP reafirma seu compromisso na luta por um Restaurante Universitário 100% público, sem terceirizações, onde todos os trabalhadores tenham direitos garantidos, salários dignos e condições humanas de trabalho – com contratações urgentes para acabar com a sobrecarga imposta aos funcionários. Chega de migalhas: exigimos fim imediato do Arcabouço Fiscal e dos cortes neoliberais que asfixiam a educação! O orçamento público deve servir ao povo, não aos bancos e demais empreendimentos da burguesia!

Se o caos no RU não é um mero descuido, mas um projeto político, nós também temos o nosso projeto alternativo: a Universidade Popular. Vamos construir e fortalecer nossas organizações de luta, porque nenhum direito a menos será aceito e não vamos recuar! Nossa pauta é clara:

  • RU 100% gratuito e de qualidade para todos os estudantes, sem exceção!
  • Fim da criminalização da fome – nenhum aluno punido por pular roleta!
  • Controle estudantil e popular sobre a gestão do RU, com transparência total!
  • Universidade Popular, a serviço do povo, sem sucateamento e privatização!

“E com o bucho mais cheio, comecei a pensar
Que eu me organizando posso desorganiza
r
Que eu desorganizando posso me organizar”

União da Juventude Comunista (UJC) – Núcleo Universitário (ES)
Movimento por uma Universidade Popular (MUP) – Espírito Santo
11 de maio de 2025