Nota de Avaliação da UJC Sobre a Eleição do DCE da UFF
Núcleo Estudantil UFF – UJC
Depois de mais uma eleição do DCE da Universidade Federal Fluminense e da vitória extremamente apertada do governismo, infelizmente apenas acompanhamos provocações despolitizadas de todos os lados, sem a apresentação de um balanço e perspectiva deste processo. É com este entendimento e em respeito aos estudantes que a UJC apresenta uma primeira reflexão sobre o polarizado processo eleitoral e sobre as perspectivas de ações para os estudantes identificados com as causas populares e com uma radical transformação da universidade. A UJC, reorganizada na UFF desde 2008, participou da última gestão do DCE-UFF e construiu ativamente junto a outros coletivos e estudantes independentes a chapa LIVRES nestas últimas eleições do DCE.
Para além dos erros e acertos na antiga gestão ou na própria condução da campanha para o DCE, julgamos essencial compreendermos o atual contexto político do movimento estudantil nas universidades públicas, notoriamente marcado pela ofensiva dos setores governistas nas eleições de DCE. Ofensiva relacionada, sem dúvida, com o projeto educacional governista em curso para a educação, projeto concatenado com o atual modelo conservador de desenvolvimento via a agenda privatista para setores estratégicos da nossa economia,persistência de problemas estruturais para o povo trabalhador como,por exemplo, a ausência de reforma agrária e urbana, sucateamento do SUS, e a precarização da educação pública. No caso da UFF o REUNI, para nós uma expansão (insuficiente) da universidade pública, também está articulada com as demandas deste modelo de desenvolvimento conservador para o país. Conservadora não apenas em sua forma, mas em seu conteúdo, vide as reformas curriculares adequando a estrutura dos novos e antigos cursos às demandas de mercado. Além disso, a ausência de políticas universais de assistência estudantil e de boas condições de trabalho para os professores e técnicos administrativos se intensifica com a consolidação deste programa governamental.
Diante desse quadro, o movimento estudantil combativo vem articulando-se em um processo de mobilização de resistências importantes. Da ampla luta contra a aprovação do plano de metas do REUNI nas universidades, passando pela onda de ocupações de reitorias no ano de 2011 e pela grande greve nacional das IFES do ano passado, se desdobra a potencial reorganização do movimento estudantil pela base. O movimento estudantil da UFF teve o DCE como importante instrumento de realização das lutas.
Apesar de estas contradições estarem se intensificando, a expansão da universidade pública – mesmo que atrelada às demandas do capital – fez com que parte significativa dos estudantes, muitos de origem popular, concordasse com ela. Sinal do nítido processo de ofensiva de uma hegemonia mercadológica para a universidade, juntando com a deficiência do campo de esquerda em ter apresentado qualquer tipo de projeto alternativo de educação, não realizando este debate para além do campo moral ou do esquerdismo irresponsável.
O resultado eleitoral também revela a total dependência que o campo governista tem em relação a uma base conservadora, vinculada a grupos privados no interior da universidade. Isso é explicitado, por exemplo, pelo apoio que tal campo recebeu de professores ligados aos cursos pagos e fundações de apoio na Engenharia. Infelizmente, não estaremos fazendo oposição no DCE a um ou dois grupos políticos de estudantes com as suas convicções e programas, mas a uma complexa rede de afinidades e alianças que repercutem no atual projeto de educação do país. Projeto que expande o Ensino Superior, privilegiando as universidades privadas e os setores privados dentro da universidade pública, e que se traduz em diversas iniciativas governamentais, como o PROUNI, o REUNI ou a EBSERH.
E qual a alternativa neste cenário?
Para nós da UJC, a intensificação do atual modelo de universidade gerenciado pelos governos e calcado nas demandas de mercado, se trata de um modelo estranho às demandas populares e da grande maioria dos estudantes. A vitória apertada da chapa vinculada a este projeto de educação revela mais um sintoma da ofensiva política e ideológica conservadora. As contradições deste modelo tendem a se acelerar no próximo período, principalmente em um cenário de corte de gastos sociais e opções conservadoras do governo para resolver os impactos da crise. Enquanto o governismo está dependente de suas alianças com setores privados da universidade e aproveitando uma “maré’ ilusória das políticas de expansão privatista do Ensino Superior, o campo de esquerda, a partir da necessária crítica e autocrítica política, não tem rabo preso com grupos privados, reitorias e governos. E por isso a esquerda tem a oportunidade de construir não apenas uma resistência ao modelo de universidade para o capital, mas uma verdadeira contra-ofensiva, organizando de maneira ampla e diversa os muitos estudantes identificados com as causas e demandas do povo trabalhador de dentro e fora da universidade.
É chegado o momento de massificarmos a discussão da construção de outro projeto de Universidade, o projeto de uma Universidade Popular! Dessa forma, nós convocamos todxs xs estudantes a construírem na UFF o MOVIMENTO DE UNIVERSIDADE POPULAR (MUP)! Também defendemos a continuidade da unidade entre as esquerdas no movimento estudantil, no entanto uma unidade responsável e programática que consiga construir um movimento massivo a partir das lutas na UFF. Somente uma ação política que extrapole a tradicional disputa de entidades estudantis, resistindo às privatizações e lutando pelo entrelaçamento dos estudantes com os setores populares na extensão, nas pesquisas e no ensino de nossa universidade é que se poderá desmascarar o papel que cumpre o governo e construir a necessária contraofensiva popular na UFF e na educação de forma geral!
Criar Criar Universidade Popular!