Avistamos a boiada passando na surdina da pandemia: Não ao ecocídio na Sabiaguaba (Fortaleza, Ceará)
A Sabiaguaba, um conhecido campo de dunas remanescentes em Fortaleza corre sérios riscos de ser destruída para dar lugar a condomínios de luxo. Movido por interesses financeiros privados, as empreiteiras querem destruir o equivalente a 50 hectares de áreas preservadas nas dunas da Sabiaguaba, que é uma Área de Proteção Ambiental (APA). Para o empresariado cearense, qualquer hora é boa para desmatar tudo em nome dos lucros, sem pensar nos impactos sociais e ambientais que causaria a nossa cidade.
Mais uma vez a gestão Roberto Cláudio (PDT) compactua com o projeto de morte do meio ambiente, um ecocídio, que quer destruir, na surdina, em meio à pandemia, uma das poucas áreas verdes preservadas de Fortaleza, um lugar rico em biodiversidade e que abriga uma multiplicidade de espécies de animais e vegetais que têm nessa área seu habitat natural.
Dessas espécies, algumas são encontradas apenas ali e outras estão severamente ameaçadas. De acordo com os biólogos e biólogas, a região também presta serviços ambientais na cidade de Fortaleza, tendo papel vital no fluxo hídrico da capital, abastecendo a sub-bacia hidrográfica da cidade com água doce, por meio da filtragem da chuva pelo campo de dunas, participando da dinâmica de aquíferos e reservatórios. Além disso, essa região tem papel na regulação térmica da cidade e redução da erosão pluvial, fluvial e marítima. A preservação da fauna e da flora são essenciais para o nosso futuro em sociedade, para o lazer e bem viver.
Diante de nós, está a mesma retórica mofada repetida eternamente que pretende destruir o meio ambiente em nome do dito “progresso” em toda e qualquer oportunidade, na tentativa de se mascarar sob um desenvolvimentismo vergonhoso que posteriormente não hesita em lucrar com greenwashing, que é o ambientalismo apenas da boca para fora.
Visto isso, é de se indignar ao tomar conhecimento da aprovação da Secretaria Municipal do Urbanismo e do Meio Ambiente (SEUMA) e da Coordenadoria de Biodiversidade (COBIO/SEMA) sobre a questão, deixando a “boiada passar”.
Tal atitude se soma a tantas outras já perpetradas pela atual gestão da Prefeitura de Fortaleza e da titular da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente, Águeda Muniz (como o alargamento da faixa de areia posta em prática em 2018 na Av. Beira-Mar), que contrariam o interesse popular e ambiental em nome do interesse privado, na lógica do lucro.
Diante de tal cenário, onde a biodiversidade desta região, que compõe os 17% restantes de morros de areia existentes na capital e com um governo municipal que vende-se falsamente como “progressista” e que faz “oposição” ao fascista Bolsonaro e seus ministros, fica nítido nesse ponto o alinhamento destes mesmos governantes que se autoproclamam como uma alternativa ao bolsonarismo.
Não existe humanidade apartada da natureza, assim como não existe ecologia sem política, e a burguesia cearense demonstra na prática seus interesses políticos. A forma de fazer frente a essas e outras arbitrariedades é a organização coletiva e popular, através da organização no seu lugar de trabalho, de estudo, na sua comunidade, em coletivo. Já está mais do que nítido que o capitalismo é uma afronta a vida do planeta. Nesses momentos, devemos ir contra a maré da política dos ricos e poderosos. A construção do Poder Popular é a alternativa para a superação desse sistema injusto, que normaliza a desigualdade e a destruição do meio ambiente.