Lugar de jovem revolucionário no Brasil é construindo a UJC
Nota Política da Coordenação Nacional da União da Juventude Comunista
A Coordenação Nacional da União da Juventude Comunista (CNUJC), reunida entre os dias 27 e 28 de Março em Aracaju-SE, declara, junto à juventude brasileira que, mesmo em tempos de apassivamento da classe trabalhadora, da crescente mercantilização das diversas esferas da vida, da perda de direitos sociais básicos e a intensificação do terrorismo de Estado sobre as camadas populares, a UJC se fortalece e se reconstrói enquanto uma alternativa revolucionária para a juventude popular.
Nosso objetivo é a construção, em nosso país e no mundo, de uma real contra-ofensiva em defesa da vida, da paz entre os trabalhadores, e por mais direitos e conquistas para todos que vivem do seu trabalho. Este objetivo só será viável se superada a atual ordem capitalista. A construção de um mundo socialista, na perspectiva do comunismo esta na ordem do dia. Hoje, no Brasil (a 6ª maior economia capitalista do mundo), o capitalismo se materializa pelos contrastes, pelos problemas estruturais que se aprofundam. A concentração fundiária no campo, o alto custo de vida nas cidades em função da especulação imobiliária, a segurança pública que criminaliza a pobreza e os movimentos populares, a falta de priorização de investimentos na educação e saúde pública são marcas, dentre outras, do completo estágio de desenvolvimento do capitalismo em nosso pais. Esta forma de produção e organização da vida, pautada pela acumulação de capital, não soluciona problemas básicos e humanitários da maioria da população.
O governo Dilma e seus aliados, traduzem bem este compromisso com a atual ordem. Recentemente, em uma das suas últimas medidas, o governo Dilma atendeu ao “socorro” solicitado pelo empresário Eike Batista, que recebeu quase 1 bilhão de reais, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Em tempos de aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, os governos comprometidos com os interesses burgueses transferem os “recursos públicos” retirados dos trabalhadores, para socorrerem e financiarem o empresariado. Além dos financiamentos, o governo brasileiro, vem intensificando as privatizações das mais diversas atividades e setores da economia.
Em nosso país está em curso a privatização de áreas estratégicas da economia, como o Petróleo, os serviços sociais básicos como a saúde (via o sucateamento e falta de investimento no SUS em contraste com o fortalecimento das redes privadas de saúde), educação (com o financiamento governamental aos monopólios que se formam no ensino básico e superior), cultura, meio ambiente, moradia, etc. Todos estes fatores se somam a progressiva flexibilização de direitos sociais e trabalhistas historicamente conquistados.
Com a continuidade de problemas sociais históricos, constatamos o aumento da exploração e das desigualdades sociais, assentado na construção de um pacto de Classes, sob hegemonia burguesa, em torno do desenvolvimento do capitalismo “nacional”. Neste contexto, muitas organizações e entidades historicamente vinculadas às causas populares, e que hoje estão vinculados diretamente ao governo Dilma, acabam blindando e se transformando no braço desta conciliação nos movimentos populares. Tudo isso amparado por políticas “sociais” compensatórias não universais, como a democratização do crédito (e consequentemente o endividamento dos trabalhadores), criando uma falsa sensação de aumento real do poder de consumo. Neste sentido, avaliamos que na atual conjuntura, o projeto “democrático popular” não representa os reais anseios dos trabalhadores e da juventude popular.
Não representa porque não há mais tarefas democráticas em atraso que se possa almejar dentro do atual desenvolvimento do capitalismo e hegemonia burguesa no Brasil; não representa porque a tendência estrutural e sistêmica da crise do capitalismo tende a acirrar, cada vez mais, a luta de classes, através da retirada de direitos dos trabalhadores e intensificação do processo de mercantilização da vida como um todo; e, também, não representa pois, apesar de existirem contradições inter-burguesas, a política externa brasileira se notabiliza por uma das expressões políticas do processo de inserção do Brasil ao sistema imperialista. Hoje o Brasil exporta capitais (e consequentemente, exporta a exploração aos trabalhadores) na América Latina, África e Ásia. O Brasil se lança enquanto uma possível força para entrar no conselho de segurança da ONU, cumprindo missões armadas e de ataque à soberania de outros povos irmãos como no Haiti e no Oriente Médio.
Desta forma, no Brasil, a UJC se forja enquanto um importante instrumento de massificação, agitação e propagação da luta anti-capitalista e anti-imperialista, no bojo da materialização da estratégia socialista. A Juventude Comunista, assim como o PCB, não se propõe em se projetar enquanto a única e verdadeira expressão da luta anti-capitalista no Brasil. No entanto, queremos nos preparar para que consigamos captar e expressar uma alternativa revolucionária para os problemas vividos por milhões de jovens e trabalhadores em nosso país.
O II Acampamento Nacional de Formação, realizado em Sergipe, foi um marco da consolidação da organização e formação da militância nacional da UJC, com a participação de militantes de diversas regiões do país e do envio de importantes saudações de organizações comunistas de outros países. A Juventude Comunista se constrói a partir da unidade entre teoria e prática transformadora. Por isso, neste importante momento, também tiramos um calendário de lutas nacionais da juventude comunista, abordando diversas temáticas do movimento estudantil, popular, jovens trabalhadores e do meio cultural, que se unificam no caráter anti-capitalista e anti-imperialista que estas lutas podem ter.
Na frente de jovens trabalhadores, ombro a ombro com a corrente sindical Unidade Classista (UC), a UJC contribuirá para a luta contra o ACE (Acordo Coletivo Especial), que se mostra como mais uma tentativa do governo e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em flexibilizar os direitos dos trabalhadores. Durante o mês de maio, organizaremos diversas atividades de conscientização e pré-sindicalização dos jovens trabalhadores. No segundo semestre, será a vez do primeiro encontro de jovens trabalhadores da UJC, a fim de compreender melhor a política da relação entre a juventude e o mundo do trabalho. Na cultura, já se começa a operar os preparativos do aniversário de 86 anos da UJC, em agosto, além do lançamento dos festivais regionais de cultura com o objetivo de construirmos centros de luta pela democratização do acesso e produção cultural para a juventude.
No movimento popular, juntamente com diversos outros companheiros e organizações, denunciaremos o processo de criminalização da pobreza e o terrorismo de Estado que ocorre cotidianamente nas periferias das cidades brasileiras, principalmente nos centros urbanos que receberão os “mega eventos” como a Copa do Mundo e as Olimpíada. As políticas de terrorismo do Estado nos bairros populares, a expulsão direta ou indireta de milhares de trabalhadores de suas casas e o processo de elitização de bens culturais, como o futebol, ilustra bem esse atual modelo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil.
No movimento estudantil, os estudantes comunistas, junto com outras organizações, ajudaram a construir o exitoso plebiscito contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), promovido pelo Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (ANDES), em que mais de 60 mil pessoas, entre estudantes, técnico-administrativos e docentes das universidades federais disseram não à proposta do governo de privatização dos Hospitais Universitários. A luta contra a EBSERH é uma luta estratégica contra o avanço privatista nas universidades e na saúde. Contudo, mais do que lutarmos contra o avanço da lógica privada na educação pública e o fortalecimento das instituições particulares na educação básica e superior, a juventude comunista se esforça na construção do movimento pela Universidade e Educação Popular. Movimento que se vigora através do cotidiano das lutas nas escolas e universidades, em consonância com os distintos movimentos e demandas da classe trabalhadora.
A luta pela educação popular se faz nas greves das universidades, no apoio à luta dos professores da educação básica por melhores salários e condições de ensino, na luta por assistência estudantil e pela erradicação do analfabetismo e na defesa radical da educação pública e gratuita. Por isso a UJC vem participando de todas estas lutas, compreendendo que estas bandeiras fazem parte de um desafio maior: lutar por uma educação para além da lógica do capital. É com esta perspectiva política que a UJC disputará, ombro a ombro com outros lutadores, de diversas eleições para DCE´s e CA´s pelo país.
Na solidariedade internacional participamos militantemente, cerrando fileiras com a Juventude Comunista Venezuelana (JCV), da vitória de Maduro para a presidência da República Bolivariana da Venezuela. Repudiamos a tentativa de golpe articulada pelas forças conservadoras e o imperialismo na Venezuela. Tal avanço da direita só afirma a atualidade da linha política dos comunistas venezuelanos. Entendemos, assim como a JCV, que este é o momento de radicalização das transformações e conquistas da revolução bolivariana.
No mês de maio, a UJC também construirá, no Brasil, o Fórum pela Paz na Colômbia. Espaço unitário e amplo de imensa importância na conjuntura política no nosso continente, a construção da paz com justiça social e participação popular na Colômbia é uma pauta de todos os lutadores, movimentos populares e organizações comprometidos com a luta anti-imperialista. Esperamos que as organizações populares e os movimentos sociais no Brasil, pressionem o governo brasileiro, para que tenha uma posição mais incisiva sobre o tema via UNASUL, com o repúdio à venda de armas, aviões supertucanos e acordos de inteligência entre o governo brasileiro e colombiano, relações estas que acabam impulsionando a continuidade lucrativa da guerra, massacrando milhares de trabalhadores colombianos. Em junho, no Rio de Janeiro, também iremos lançar um dos comitês preparatórios para o XVIII Festival da Juventude e dos Estudantes, organizado pela FMJD. Trata-se de um importante e massivo espaço de propagação e agitação das expressões juvenis anti-imperialistas e anti-capitalistas pelo mundo. A UJC terá este compromisso de divulgar o compromisso político e ideológico do festival no Brasil.
É com este acúmulo de aprendizado, acertos, erros e ousadia que a União da Juventude Comunista cresce, se fortalece e se massifica no Brasil. Em uma conjuntura em que as forças do capital-imperialismo avançam e ameaçam a própria existência da vida em nosso planeta, lembremos o que dois velhos comunistas bem indicaram no século XIX: “os proletários não têm nada a perder, a não ser as suas algemas”. Talvez nunca tenha sido tão atual a consigna socialismo ou barbárie, e por termos a certeza de que nós, comunistas e revolucionários, trazemos para a contemporaneidade a defesa intransigente da vida e da humanidade.
Declaramos a todos os jovens indignados e rebelados com esta forma de organização da vida pautada pelo capital, que existe uma alternativa revolucionária: a juventude comunista. Com certeza, onde tiver luta contra as formas de dominação e exploração do capitalismo, esta contará com o apoio e presença da UJC.
Socialismo ou Barbárie!
Viva a UJC!
Viva o PCB!
Coordenação Nacional da União da Juventude Comunista
Aracaju – SE
Abril de 2013