Jovem comunista brasileiro manda informes desde a Venezuela
Nota dos Editores da página do PCB: além de notícias, artigos e vídeos sobre os acontecimentos na Venezuela, de fontes confiáveis e antiimperialistas, divulgaremos também informes de um jovem comunista brasileiro, militante da União da Juventude Comunista (UJC) e do PCB que foi à Venezuela militar com a Juventude Comunista do PC da Venezuela nas eleições de 14 de abril e ficou para lutar ao lado dos camaradas venezuelanos contra os golpistas de direita que tentam desestabilizar o país.
Informe de 15 de abril Hoje estourou o que prevíamos: uma onda de violência pelo país. O clima aqui está bastante tenso, é como se uma guerra civil estivesse por um fio. De nossa parte temos sido racionais, evitado cair em provocações e nos preocupando com nossa segurança, porém estamos nas ruas, mobilizando os trabalhadores e colocando-os em alerta, como nós mesmo estamos.
Os apoiadores de Capriles atenderam seu pedido e foram às ruas, estiveram por um momento ocupando a principal avenida aqui da cidade, fato que se repetiu em quase todo o país, sendo que aqui anteciparam o que teriam programado para amanhã, que era ocupar o CNE. Quando soubemos que eles estavam em frente ao CNE, na tentativa de invadir, logo nos movemos para lá, e os cercamos, a tal ponto que eles tiveram que recuar e nós ocupamos as ruas da sede estadual do CNE, de modo a resguardá-la, pela própria importância simbólica desta instituição nesse cenário de golpe em gestação.
O PCV e a JCV têm orientado aos seus militantes que estejam em sistema de alerta e vigilantes, assim como as demais forças que compõem o Pólo Patriótico.
Nós fizemos pela tarde uma grande carreata de carros e motos por boa parte da cidade, e o que se viu pelas ruas foi uma uma firmeza inquebrantável vontade imensa do povo venezuelano em defender a revolução e o legado de Chávez, pessoas dispostas a enfrentar a oposição e ir até as últimas consequências.
Por outro lado, a oposição também tem conseguido mobilizar sua gente; agora à noite as ruas estavam tomadas pela oposição, atendendo o chamado de Capriles a um panelaço… pode-se ver pelas ruas queimas de pneus. Enfrentamos uma “blitz” deles na estrada, e o carro em que estávamos contendo propaganda de Maduro, também foi hostilizado nessa “blitz”.
Se vê nas ruas gente dos dois lados. Do nosso lado, temos os chavistas ao extremo também, o que nos preocupa, tendo em vista que a possibilidade de cair em provocações é maior e é justamente isso que a oposição quer: o país dividido, rachado e desestabilizado, cenário perfeito para um golpe de estado.
E agora, com o não reconhecimento do resultado das eleições pela Grã-Bretanha, UE, Estados Unidos e Espanha, a tendência, ao meu ver, é que a oposição se sinta mais confiante em levar adiante seus planos. Teremos um novo termômetro amanhã pela manhã, quando eles convocaram sua gente a ir para as portas da sede do CNE em todos os estados.
Na quarta, outro termômetro, quando haverá uma marcha convocada por eles em Caracas, em direção a Miraflores, sendo que as redondezas de Miraflores estão cercadas pelos moradores de uma favela próxima, chamada 23 de janeiro, que está protegendo o local frente à tentativa de golpe. Uma coisa que tenho visto é que as pessoas mais pobres, os moradores de favelas e demais áreas pobres, são os mais chavistas, já que eles foram os que mais se beneficiaram com a Revolução. Neste dia pode haver uma tragédia nesse local, com o encontro desses dois grupos.
Tudo indica que Capriles seguirá com essa política e essa mobilização de sua gente, ele está obstinado a somente reconhecer um resultado que não existe, que é o que daria a vitória a ele.
A burguesia está aproveitando da fragilidade política deixada pelo vácuo da liderança de Chávez e parece que está jogando todas as suas fichas para a tomada do poder a qualquer custo e neste momento.
Bom, camaradas, por enquanto é isso, vou descansar um pouco que daqui a pouquinho estaremos na rua novamente.
Estamos aqui em alerta vigilante e preparando-nos para o pior, para o embate direto, se for o caso e se for este o caminho necessário para defender a revolução bolivariana, de qualquer maneira. Antes de qualquer coisa, fico no aguardo de instruções do Partido.
EJ (15/04/2013)