Home Formação Politica Graduação e militância
Graduação e militância

Graduação e militância

0

É muito comum que ouçamos de amigos e pessoas próximas — que têm interesse e sentem a necessidade de militar, ou seja, de compor uma organização que atue ativamente para mudar a realidade, no cotidiano e junto às bases e massas — a seguinte pergunta: como conciliar militância e graduação? Como levar adiante a atuação na organização e a politização da classe trabalhadora com qualidade e, ao mesmo tempo, conseguir estudar, aproveitar toda a experiência universitária e ter êxito acadêmico — e, para alguns estudantes, também conciliar com o trabalho?

Primeiro, talvez seja necessário esclarecer o que é a militância revolucionária e qual seu papel. Embora muitos militantes façam sacrifícios para avançar a luta de nossa classe, não defendemos que a militância prejudique outras esferas da vida, como a graduação ou a academia. A estrutura das organizações marxistas-leninistas parte justamente desse pressuposto: a falta de tempo dos trabalhadores e de seus filhos sob o capitalismo, a necessidade de lazer e as diferenças entre camaradas (alguns têm menos tempo, outros mais). Por isso, ouvimos as demandas, disponibilidades e capacidades de cada um, distribuindo tarefas de acordo com suas realidades, para que a atividade revolucionária não cause sobrecarga nem atrapalhe a vida fora da militância — algo que sempre buscamos garantir, intervindo quando necessário. Chamamos isso, seguindo Lênin, de divisão revolucionária do trabalho.

Além disso, prezamos pela disciplina revolucionária: uma adesão consciente (com debate e convencimento político) às nossas fileiras, integrando a militância à vida como parte fundamental. Isso só é possível com organização pessoal gradual, que melhora tanto nossas tarefas políticas quanto nossa vida cotidiana. Assim, cumprimos nossas responsabilidades na militância, realizamos com qualidade a graduação e/ou o trabalho, e ainda preservamos tempo para descanso, lazer e convívio com amigos, parceiros e família.

Os capitalistas sabem que a jornada extensa de trabalho ou estudo limita nossa organização e luta contra eles. Organizar-nos mesmo assim é superar as barreiras que nos impõem e romper com o sistema bárbaro que nos condena a um ciclo de exaustão, privando-nos até do desenvolvimento intelectual que desejamos. Só a organização coletiva revolucionária pode quebrar essa lógica e construir um mundo novo — é através dela que desafiamos o capitalismo em sua estrutura.

Temos exemplos de mulheres soviéticas, que, nas vésperas da Revolução de Outubro, materializavam em si um heroísmo revolucionário inimaginável: conciliavam militância revolucionária, trabalho nas fábricas e trabalho doméstico e reprodutivo em casa. Também tivemos casos assim na história do movimento comunista no Brasil. Elas não são o modelo a ser seguido a qualquer custo, nem sua experiência desumanizante deve ser glorificada e fetichizada, porém mostram a disposição e firmeza dos trabalhadores para resistir quando não há outra opção. Esta luta e solidariedade coletiva é a semente do novo mundo. Nela adquirimos conhecimentos e relações que nos ajudam em nosso cotidiano e nos desenvolvem intelectualmente e humanamente. A militância revolucionária é antes de um dispêndio, um ganho humano.

Temos o exemplo das mulheres soviéticas que, às vésperas da Revolução de Outubro, materializaram um heroísmo revolucionário inimaginável: conciliavam militância, trabalho nas fábricas e trabalho doméstico. Houve casos similares no movimento comunista brasileiro. Elas não são um modelo a ser glorificado — pois sua experiência não deve ser fetichizada —, mas mostram a disposição dos trabalhadores para resistir quando não há alternativa. Essa luta coletiva é a semente do novo mundo — nela, adquirimos conhecimentos e relações que nos desenvolvem intelectual e humanamente. A militância revolucionária não é um fardo, mas um ganho humano.

Como disse Che Guevara, a tarefa do jovem comunista é: “Sacrificar-se para ajudar o companheiro nas pequenas tarefas e que possa cumprir o seu trabalho, para que possa cumprir com o seu dever no colégio, no estudo, para que possa melhorar de qualquer maneira. Estar sempre atento a toda a massa humana que o rodeia. Quer dizer: apresenta-se a todo jovem comunista a tarefa de ser essencialmente humano”.

Por isso, fazemos o chamado: estudantes e jovens trabalhadores, organizem-se na União da Juventude Comunista! Construindo a revolução, criamos solidariedade de classe e damos um passo rumo a um mundo onde tenhamos tempo para estudar, ler, fazer política, consumir arte, cultivar relações saudáveis e trabalhar — sem que isso nos esmague e desumanize.

União da Juventude Comunista (UJC) – Núcleo UFSCar (SP)
17 de setembro de 2019

Texto publicado originalmente na página do Facebook da UJC UFSCar
Foto: Marcos Santos / USP Imagens