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Declaração da FMJD sobre a Atual Situação no Líbano
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Declaração da FMJD sobre a Atual Situação no Líbano

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A Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD) condena a agressão sionista no Líbano, destacando a importância da resistência popular e da solidariedade internacional contra os projetos imperialistas na região.

Tradução livre de declaração da FMJD por União da Juventude Comunista (UJC)


Sob o pretexto do retorno dos colonizadores para o norte, as forças de ocupação iniciaram a preparação para uma invasão terrestre no sul do Líbano, confirmando seus objetivos de dominar os recursos da região. Isso transforma a luta libanesa de um apoio ao povo palestino e à resistência em uma defesa do Líbano contra o projeto imperialista na região. Esse cenário ocorre enquanto a resistência continua a infligir duros golpes contra a ocupação, que, por sua vez, recebe contínuo apoio estadunidense.

Entretanto, a invasão terrestre ainda não começou. Até agora, os invasores indicaram que pretendem iniciar nos vilarejos do sul, mas também consideram uma invasão direta pela região sul de Beirute, após destruir e deslocar a população local. Outra possibilidade seria uma invasão naval a partir do Chipre, pelo norte do Líbano.

Essas ações, juntamente com os acordos de normalização, têm um único objetivo: expandir a ocupação e estabelecer um “Novo Oriente Médio”, que serviria como ponte entre o Leste Asiático e a Europa para a exportação de mercadorias pelas corporações globais. No momento em que os EUA tentam recuperar sua dominação econômica e política mundial, desafiados por forças rivais que se opõem à sua hegemonia, a ocupação impõe suas políticas para implementar esse projeto na região. Torna-se, portanto, necessário enfrentar esses projetos imperialistas, marcados pelo sangue dos povos anti-imperialistas da região.

Nesse contexto, a resistência libanesa está envolvida no massacre ao lado de Gaza desde o dia 8 de outubro do ano passado, com dois objetivos. O primeiro é aliviar o sofrimento da resistência palestina, deter a ocupação e formar uma rede de apoio que altere o equilíbrio de poder. Como resposta, a ocupação atacou vilarejos libaneses fronteiriços por 11 meses, causando o deslocamento de seus moradores, que foram arrancados de suas casas e, certamente, as perderam, e cujas vidas também foram interrompidas por meses. O segundo objetivo da frente de apoio é indireto: evitar a guerra iminente, consciente de que os projetos expansionistas e coloniais da ocupação tornam quase certa uma guerra entre o Líbano e a entidade sionista assim que seus projetos na Palestina forem concluídos.

A ocupação escalou sua agressão ao assassinar 15 líderes da resistência libanesa no sul de Beirute, em um massacre precedido pela explosão de pagers, dispositivos de comunicação utilizados pela resistência. Em resposta, no dia 23 de setembro, a ocupação lançou uma violenta agressão contra vilarejos no sul de Bekaa, com o objetivo de deslocar seus habitantes, resultando no maior êxodo forçado da região. Naquele dia, mais de 500 pessoas foram martirizadas, milhares ficaram feridas, casas foram bombardeadas com seus moradores dentro, e até as estradas usadas pelos refugiados para escapar foram atingidas. Em apenas três dias, dois mil mártires tombaram.

No dia 27 de setembro, as forças de ocupação assassinaram o mártir Sayyed Hassan Nasrallah, Secretário-Geral do Hezbollah, e, em seguida, ameaçaram áreas da zona sul de Beirute apenas para iniciar uma ofensiva durante a noite, provocando o deslocamento de seus moradores, muitos dos quais não sabiam para onde ir. A ocupação intensificou sua agressão, assassinando líderes da resistência palestina em várias organizações em Beirute e nos campos de refugiados de Ain al-Hilweh e Beddawi, além de atacar edifícios habitados por deslocados em áreas consideradas relativamente seguras. Eles também destruíram hospitais no sul e nos arredores, alegando que estavam ligados à resistência, justificando seus crimes da mesma forma que fizeram em Gaza, ao atacar ambulâncias, centros de paramédicos, e realizar dois ataques próximos ao aeroporto.

Na Faixa de Gaza, as forças de ocupação assumiram o controle de locais estratégicos e continuam suas operações, matando civis e forçando a população a se deslocar de um lugar para outro. É amplamente conhecido que as forças de ocupação estão utilizando jovens palestinos como escudos humanos em suas manobras de invasão terrestre, o que mais uma vez revela o quão perversas são as mentes da liderança da entidade sionista, além da obediência cega de seus soldados, que seguem ordens desumanas sem questionar. Um comportamento que lembra o regime nazista do século passado.

Durante esta brutal agressão sionista, é incerto se todas as áreas de refúgio permanecerão seguras, especialmente após o bombardeio de prédios que abrigam refugiados e a realização de assassinatos dentro deles. Não há garantia de que a agressão não se expandirá para áreas atualmente consideradas “seguras”, o que pode provocar novas ondas de deslocamento. Na ausência do Estado, é o povo quem está rompendo as divisões sectárias impostas pelo regime. Com recursos mínimos, estão enfrentando essa ausência ao assumir o papel que o Estado deveria desempenhar. É o povo que compartilha as dificuldades e a dor, que os interesses globais tentaram fragmentar ao longo de linhas sectárias e identitárias. A solidariedade internacional entre os povos é essencial para rejeitar a ocupação e seus projetos.

A resistência continua, e por isso, nós, como Direção da Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), queremos expressar nosso total apoio à sua luta e nossa profunda admiração pela heroica resistência. Também queremos fazer um chamado aos povos de todo o mundo, seus indivíduos livres e suas organizações anti-imperialistas, progressistas e de esquerda, para se colocarem ao lado dos povos do Líbano e da Palestina, para contar sua história em sua própria voz, combater os regimes que os matam e ocupam, e apoiar a resistência de todos os povos oprimidos. Convocamos especificamente todas as organizações filiadas à Federação Mundial da Juventude Democrática a:

  • Intensificar as discussões sobre o que está acontecendo no Líbano e na Palestina;
  • Organizar movimentos de solidariedade para pressionar decisões que atendam tanto às necessidades do povo quanto enfrentem a ocupação;
  • Confrontar a normalização em países alinhados que apoiam a ocupação, assegurando decisões que a detenham;
  • Participar e fortalecer campanhas de boicote que isolem a ocupação econômica, política e culturalmente, limitando seu apoio econômico e militar;
  • Contribuir para o financiamento coletivo da FMJD para ajudar nossos camaradas na região a adquirir suprimentos médicos essenciais, aliviando o sofrimento daqueles afetados pela violência sionista.

Nossos camaradas e seu povo na Palestina, no Líbano e em grande parte da região estão enfrentando um projeto apoiado pelas forças imperialistas lideradas pelos EUA e pela OTAN, sacrificando seu próprio sangue para alterar o equilíbrio de poder na região, deter o projeto imperialista e, finalmente, expulsar a ocupação, mesmo que isso leve tempo. Viva a resistência anti-imperialista! Viva a libertação da Palestina! Viva o Líbano livre!

Federação Mundial da Juventude Democrática

Sede da FMJD, Budapeste, 16 de outubro de 2024