De Camaradas para Camaradas: sobre o 2º Acampamento Nacional de Formação da UJC
Por Kim Taiuara*
Há mais ou menos uma semana estive entre os ditos “comedores/as de criancinhas”, ateus e ateias, subversivos/as… Enfim, estive entre comunistas. Foi estranho, pois ao invés de comerem as crianças, os/as comunistas brincavam com elas, ao invés de banir os religiosos, eles e elas se confraternizavam e ao contrário da “zona” que possa parecer estar entre subversivos/as, digo que poucas vezes estive em ambientes tão organizados e em que tudo fluía perfeitamente bem quase que por natureza.
Era possível sentir a vontade sincera, por parte de todos/as, de que tudo corresse bem, como se daquilo dependesse a revolução, e talvez haja algo de verídico nessa suposição romântica, afinal de contas, a organização não foi o único ponto positivo. Posso dizer também que me surpreendi ao descobrir que esses “monstros” dançam… é isso mesmo, eles dançam! E se fosse só isso, tudo bem. Mas não, para meu espanto, descobri que além de dançar, eles cantavam e davam altas gargalhadas. Pensava eu que comunistas não dançavam, que comunistas eram seres duros e quadrados, pessoas sérias não muito dadas à diversão. Mudei de ideia!!! Posso afirmar que são pessoas alegres e até comuns, nada de medonho como nos descrevem. Mas também são diferentes, eles desejam e lutam para que todas as pessoas possam ser felizes, para que todas elas possam cantar, dançar e dar boas risadas sem ter que se preocupar com a próxima refeição do dia, com as demissões que ainda não lhe atingiram, mas parecem estar próximas; se terão lugar pra dormir e boas escolas pra seus filhos. Esses “monstros”, que lutam pela verdadeira igualdade e contra toda injustiça social, descobri que são os e as comunistas!
Comecei a entender, então, por que se faz necessário detratá-los/as, vesti-los/as de diabos/as; por que é preciso persegui-los e persegui-las, torturar a todos e todas e até exterminá-los/as.
Agora entendo… Carregamos no gesto, no corpo e no espírito o sonho de muitos outros que deram e tiveram suas vidas arrancadas por acreditar numa sociedade de seres humanos e não de coisas. Honramos este sangue derramado e continuamos a nos indignar com aquilo e aqueles/as que nos oprimem e nos querem de morte.
Por tudo isso, queridos e queridas camaradas, pra mim, o 2º Acampamento Nacional de Formação da União da Juventude Comunista foi muito importante, sem sombra de dúvidas um sucesso, mas não só pelas discussões que lá fizemos, foi um sucesso, sobretudo, pelo sentimento de camaradagem que cada vez mais desenvolvemos. Será, entre outras coisas, este sentimento uma das bases para a construção de novas relações sociais, de novas relações entre seres humanos numa sociedade comunista…
Agora, de camarada para camaradas, para aqueles e aquelas que estiveram no acampamento e mesmo para os/as que não puderam comparecer, mas com toda certeza gostariam de estar lá conosco e, de algum modo, é verdade que estavam: já sinto saudade de vocês, daqueles poucos quatro dias que passamos juntos, daqueles enriquecedores momentos que compartilhamos; de comer, de dormir, estudar e rir juntos. Espero logo, logo reencontrá-los/as…
Por fim, gostaria só de socializar mais um pensamento: quando voltávamos do acampamento para nossas casas, escutei de camaradas que estávamos voltando à realidade. Esta afirmação me intrigou um pouco, pois, de alguma forma, ela me dizia que naqueles quatro dias tínhamos vivido um sonho em que todos e todas éramos realmente camaradas… É bom saber, camaradas, que não somos fantasmas, que aqueles quatro fraternais dias não foram frutos de nossa imaginação. Nós existimos, não tenham dúvidas e nem receio do futuro que nos aguarda. Somos tão reais quanto os nossos sonhos e é com essa convicção que continuaremos em frente, fazendo com que aos poucos esses sonhos tornem-se realidade!
Um forte e revolucionário abraço!
*Militante da UJC-PE
[Esse é um texto para a seção Crônicas Vermelhas, onde os militantes da UJC/PE opinam, comentam, debatem sobre diversos temas. Para acessar o conteúdo Crônicas Vermelhas basta acessar no “arquivo do blog por temática” a temática Crônicas Vermelhas, ir na página formação ou destaques, ou clicando no marcador dessa postagem.]