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Cotas Étnico-raciais Aprovadas na Universidade de São Paulo (USP)

Cotas Étnico-raciais Aprovadas na Universidade de São Paulo (USP)

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Foi aprovada em votação no Conselho Universitário, no último 04 de julho, a adesão à política de cotas étnico-raciais na Universidade de São Paulo (USP). Esse resultado é fruto de anos de intensa mobilização e esforços contínuos dos Movimento Negro, Indígena e Estudantil contra o elitismo e o racismo da USP, uma das universidades mais excludentes do país. A adesão às cotas é uma conquista importante para setores historicamente oprimidos, e um grande passo à maior democratização da universidade. No entanto, compreendemos que ainda há muito o que se fazer para tornar a USP uma universidade, de fato, democrática.

Os grupos beneficiados pela política de cotas ainda serão prejudicados pela falta de políticas de permanência, as quais vêm sofrendo crescentes cortes. Só entrar na universidade não é suficiente. Queremos permanecer! As bolsas de auxílio e permanência, bem como o aumento de vagas de moradia estudantil e manutenção das creches são demandas que devem ser plenamente atendidas para que o ingresso à universidade tenha continuidade. O desmonte da universidade, não por acaso, afeta principalmente os setores que sempre estiveram à margem da sociedade. Hoje, os estudantes que dependem da oferta de auxílios estudantis chegam ao final da sua formação acadêmica a duras penas — quando não se vêem obrigados a interromper os estudos por falta de recursos.

Além disso, o vestibular é um fator que promove exclusão desde o início do processo de ingresso. Com um sistema em que os são selecionados os estudantes que conseguem alcançar as maiores notas em um exame, aqueles que tiveram poucas condições materiais para estudar serão sempre os mais prejudicados e, consequentemente, serão sempre minorias nas universidades, sobretudo em cursos mais concorridos. Por isso, a nossa mobilização também deve ser contra o sistema de ingresso via vestibular.

Também devemos nos lembrar de que, ainda este ano, ocorrerá a escolha de um novo reitor ou reitora para a universidade, e é importante também que os movimentos de lutas se posicionem e ajam a favor das eleições diretas para o cargo, contando com a participação de toda a comunidade universitária. É cada vez mais evidente que a universidade pública, da maneira que se constitui nos dias de hoje, não serve aos interesses da classe trabalhadora — que torna possível a produção de toda a riqueza no mundo. Por isso, é essencial a inclusão da comunidade universitária na tomada das decisões importantes, em processos de eleição direta para os cargos das instâncias administrativas e com políticas e permanência efetivas para CADA estudante da USP!

A luta pela democratização da universidade não pode cessar. Ontem, os estudantes foram vitoriosos. Mas ainda é preciso defender um projeto de universidade onde o diálogo com os setores populares e o acesso sejam amplos, onde o ensino seja de fato público, gratuito e de qualidade e onde a democratização se dê no interior da instituição. Para conquistar esses direitos, devemos nos organizar em torno da luta pela Universidade Popular: uma universidade a serviço dos trabalhadores, não dos poderosos!

A LUTA SEGUE EM FRENTE
LUTAR, CRIAR UNIVERSIDADE POPULAR!