Corona na Papuda
No sistema capitalista, o encarceramento em massa é um dos mais poderosos instrumentos de manutenção e reprodução da dominação e exclusão burguesas. As prisões brasileiras, marcadas por extrema superlotação, ausência de recursos, transferências sem decisão judicial, falta de atividades de estudo, trabalho ou lazer e uso indiscriminado da violência, revelam isso diariamente.
Esse sistema prisional falido agora enfrenta um novo desafio: a pandemia mundial da COVID-19. Não há ventilação adequada, nem a infraestrutura apropriada para aplicar as medidas de distanciamento recomendadas pelos governos e pela OMS. Devido às más condições sanitárias, onde até mesmo lavar as mãos com frequência é um desafio, os presídios são terrenos férteis para a disseminação de doenças contagiosas.
No DF, chega a 466 o total de casos de coronavírus entre detentos e servidores de presídios. Medidas de desinfecção de blocos e isolamento dos infectados estão sendo tomadas, mas os dados referentes a esta quinta-feira (7/05) mostram um avanço rápido da doença em poucos dias e a situação é preocupante.
Fora da esfera punitiva, a exploração capitalista se manifesta durante a pandemia na forma do teletrabalho ou trabalho remoto, onde a jornada de trabalho se transfere para a casa e se mistura com a vida pessoal. O cotidiano é constantemente interrompido pelas notificações, as refeições são feitas ao lado do computador e a vida do trabalhador é consumida pelo emprego. Nessa conjuntura, se diminui a renda do trabalhador, direitos são cortados e se ensaia uma nova forma de precarização do trabalho e da vida.
Nossa prioridade nesse momento deve ser a preservação da vida e a luta contra a flexibilização do isolamento social, mas precisamos ficar atentos para o pós-pandemia. Os capitalistas vão buscar a recuperação de seus lucros às custas de nossas vidas.