Com Um Aumento Desses Como Eu Vou Estudar?
Por: Núcleo Gregório Bezerra (UFPE) da UJC
Passado o período de ocupações contra os ataques à educação e serviços públicos, a luta dos estudantes por uma universidade popular continua com cada vez mais força e organização, resistindo aos ataques e avançando rumo à universidade que queremos. O aumento no preço das tarifas de ônibus proposto pelos empresários do transporte é mais um dos muitos ataques que os estudantes trabalhadores têm sofrido e que vai de encontro ao nosso direito de permanecer estudando.
Todos os dias, nós, estudantes da classe trabalhadora, usamos o transporte público não só para chegar na UFPE, mas também no nosso local de trabalho, lazer e em nossas casas. Acontece que esse serviço, produzido e operado por trabalhadores para a locomoção de outros trabalhadores, é organizado em torno da lógica do lucro, de modo que tudo – a quantidade de ônibus circulando, as linhas, a rotatividade e grande exploração dos trabalhadores – é pensado para maximizar esse ganho privado, o que é uma grande contradição.
A proposta da Urbana-PE de aumento de 33,9% no preço da tarifa é só mais uma face da privatização e cartelização do nosso transporte, que passa a ser um meio para o enriquecimento de empresários que jamais colocaram um pé sequer dentro desses ônibus e que mantém seu domínio econômico através de vários mecanismos, como o financiamento de campanhas eleitorais. O governador Paulo Câmara (PSB), inclusive, que em campanha prometeu congelamento da tarifa a R$2,15, propôs um aumento ainda maior que o dos empresários! Por isso é preciso dizer que há quem lucre com todas as dificuldades que enfrentamos ao lado dos trabalhadores diariamente no busão: quando nos atrasamos para um compromisso porque poucos ônibus circulam em nossa linha, quando somos obrigados a passar horas em pé no aperto, quando os motoristas são obrigados a trabalhar quase 10 horas por dia, quando os cobradores são demitidos para serem substituídos pelo VEM (com a desculpa de que isso vai melhorar a segurança no transporte…), quando somos obrigados a usar grande parte do nosso salário para pagar passagens cada vez mais caras… Há quem lucre – e muito – com isso tudo!
Além de estarmos nas mãos dos empresários do transporte, também somos atacados dentro de nossa universidade, por nossa reitoria. O auxílio-transporte, uma das mais importantes bolsas de assistência estudantil, é constantemente ameaçado de ser cortado, e desde o ano retrasado mais de 7000 mil bolsistas tiveram cortes na assistência. Isso tem nos expulsado cada vez mais da universidade, por causa da necessidade de trabalhar para sobreviver, o que muitas vezes consome todo nosso tempo de estudo e impede que sigamos em frente nos nossos cursos. A cada dia tem sido mais difícil para a juventude trabalhadora permanecer estudando na UFPE!
É preciso dizer também que para as jovens estudantes a insegurança vivida dentro do campus também se manifesta no transporte público. Apesar de muitas saírem mais cedo de seus respectivos centros, sacrificando aulas e o pouco tempo de estudo por conta das jornadas extras, os atos de assédio, furto e até assassinato fazem com que ônibus e metrôs sejam mais um espaço de alerta de machismo.
Mas não temos aceitado isso tudo em silêncio. Respondemos à privatização do transporte com a luta pelo controle dele pelos trabalhadores e usuários, livre da sede de lucro dos empresários e organizado em torno de nossas necessidades concretas. Na semana passada, estivemos ao lado de estudantes e trabalhadores que se organizaram, foram à luta e barraram o aumento que seria aprovado no Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM). Nessa próxima sexta (13), às 8 horas da manhã, o Conselho irá se reunir novamente, na Secretaria das Cidades (Estrada do Barbalho, 889 – Iputinga) e por isso convocamos os estudantes e trabalhadores para se somar a essa luta e mais uma vez barrar esse aumento. Começamos vencendo essa batalha, mas ainda falta muito para garantirmos que a tarifa não suba. Só a luta muda a vida!
POR UMA UNIVERSIDADE POPULAR! NOSSA LUTA É PRA PERMANECER!
TARIFA ZERO, ESTATIZAÇÃO, CONTROLE DO TRANSPORTE NA MÃO DA POPULAÇÃO!