Carta à FMJD e a seus membros
Caros camaradas,
Nós, da UJC Brasil, juventude do Partido Comunista Brasileiro, viemos por meio deste esclarecer alguns fatos que estão ocorrendo sobre a titularidade de nossa organização na Federação Mundial das Juventude Democráticas.
Em primeiro momento gostaríamos de lembrar que estes esforços para contato tanto com a direção regional da FMJD quanto o Bureau não se iniciaram há alguns meses ou semanas, mas sim desde novembro de 2023. Desde então, estivemos tentando contato não só com as direções da federação, mas com as juventudes que a compõem.
Estamos solicitando à direção, assim como feito na carta enviada em 2023 (ANEXO 1), a troca dos nomes dos representantes da UJC Brasil na federação, pois as pessoas que se encontram nomeadas já não fazem mais parte da nossa organização há mais de um ano. Eles estão naquele espaço utilizando de forma deliberada nosso nome de forma fraudulenta e seguem construindo outra organização política, ferindo nossa regulamentação.
Além disso, no mês de fevereiro de 2025, deparamo-nos com uma carta enviada a todas as organizações que compõem a FMJD pela juventude do PCBR, que insistentemente continua a usar o nome da nossa organização para angariar algum tipo de capital político. De modo pontual e sucinto, esta discussão já se encerrou dentro do Brasil. As organizações brasileiras têm plena consciência que esse grupo saído da UJC se trata de outra organização que, mesmo tendo outra postura e linha política, insiste em usar o nome da organização.
A UJC Brasil é uma entidade histórica e legalmente reconhecida, com seus estatutos, registros e patrimônio devidamente formalizados perante as autoridades brasileiras (nº do processo de INPI 931185491 e CNPJ 56.091.265/0001-05). Enquanto juventude de um partido legalizado e com registro eleitoral ativo, nós temos alguns deveres formais junto à justiça brasileira. Esse caso é um bom exemplo disso – não podemos permitir a utilização do nome da nossa organização sem arcar com as consequências legais. (No ANEXO 2 você pode visualizar os registros legais e a documentação da UJC, Victor Neves é o atual secretário de juventude da UJC e representa legalmente a organização).
A afirmação na carta de que a UJC Brasil passou por um “reposicionamento político” e se filiou ao PCBR desde agosto de 2023 refere-se, na verdade, ao grupo de ex-membros desligados após desrespeitar nossas regras internas. As pessoas mais antigas desse grupo que se separou não têm mais do que 5 anos de militância dentro da organização. Os militantes que continuam orgânicos na UJC e no PCB constroem a FMJD desde 1945! São figuras históricas que ajudaram na reorganização da federação após a queda do muro de Berlim e se mantêm atuantes até hoje. A UJC Brasil mantém sua identidade política e alianças de acordo com suas decisões internas, que são estranhas das escolhas do grupo dissidente. A UJC não abandonou suas linhas históricas; foram os indivíduos expulsos que buscaram um novo caminho político fora da organização.
Como afirmamos algumas vezes em reuniões com a coordenação da América latina: não temos problemas com outras organizações que saem da UJC (ou do PCB). Nossa juventude tem quase 100 anos de história no movimento comunista e esses processos são consequências da luta de classes. Contudo, não podemos tolerar a utilização indevida de nosso nome para angariar capital político, coisa que nunca havia ocorrido na história da UJC até o presente momento.
Para além do uso indevido do nome da UJC, estes ex-militantes não só fundaram uma nova organização política, como também se afastaram da linha política internacionalista construída historicamente pela UJC e pela FMJD, de caráter anti-imperialista e anticapitalista. A FMJD é uma organização anti-imperialista, com firme posicionamento e histórico de denúncia e combate a iniciativas que corroboram com o imperialismo e o enfraquecimento do caráter suficiente e independente dos povos para decidirem os seus próprios futuros. Estas pessoas, agora membros do PCBR, romperam com acordos feitos com organizações políticas que compõem as lutas e movimentos em uma manobra de esquerdismo purista e sectarismo. Não bastando, se uniram com organizações com posicionamentos vacilantes, esquerdistas e colaboradores do imperialismo, tais como partidos trotskistas que fizeram campanhas de arrecadação de doações para Ucrânia durante a guerra (mas que se recusam a auxiliar em doações para Cuba contra os constantes embargos econômicos). Além disso, uma figura central no processo de racha do Partido colaborou com a edição brasileira de um livro em conjunto com militantes de organizações pró-Trump (ANEXO 3).
Por fim, esta carta também é o aviso formal de que, qualquer outro grupo, indivíduo ou organização que fale em nome da UJC Brasil, que não seja nosso representante legal e autorizado (que estará munido de documentos que autenticam nossa titularidade no nome), dentro ou fora do território nacional, será cobrado judicialmente por vias legais. Não aceitaremos o uso indevido de nosso nome. Nós da UJC Brasil estaremos presentes na XXI Assembleia Geral da FMJD para reafirmar nosso compromisso com a construção da FMJD e fortalecer a política anti-imperialista.
Saudações anti-imperialistas,
União da Juventude Comunista – UJC Brasil
Anexo
1. Carta enviada à FMJD em novembro de 2023
Para saber mais sobre o processo de racha denunciado na carta, clique neste link e leia nossa nota política a respeito.
2. Registros legais da União da Juventude Comunista (UJC) – Brasil
3. Dirigente do PCBR Jones Manoel lançando livro com militante pró-Trump da ACP
Jones Manoel tem papel central no processo de fracionismo do PCB, e já enquanto dirigente nacional do PCBR, escreveu o prefácio do livro do dirigente do American Communist Party, Carlos L. Garrido, que frequentemente têm posições fascistas, mesmo antes de criar o partido ACP, apoiando políticas de Vladimir Putin no Midwestern Marx. O American Communist Party (ACP) é uma organização “comunista” que apoia ideologias como o MAGA e posições de Donald Trump e do Partido Republicano.