Na quinta, dia 18 de janeiro, ocorreu um caso gravíssimo de agressão em Fortaleza. Não uma agressão qualquer, mas orientada politicamente pelo fascismo e concretizada nas mãos do grupo Carecas do Brasil – Ceará. O grupo perseguiu três pessoas que estavam arrancando cartazes de teor fascista e a violência foi cometida contra uma dessas pessoas, um jovem universitário de 22 anos, motivada por racismo e LGBTfobia. Assim que ocorrido foi relatado nas redes sociais, criou-se uma mobilização intensa em solidariedade às vítimas e dois eventos foram agendados: uma Marcha Antifascista e uma Plenária Antifascista. Esta ocorreu sem maiores complicações e com alguns encaminhamentos mais concretos (notas, comissões, outros encontros do tipo e etc).
A Marcha, puxada principalmente por militantes autônomos, aconteceu no domingo (21) e contou com a presença da UJC, de diversos anarquistas e militantes autônomos e também de outras organizações que não estavam identificadas. Os participantes se concentraram na praça da Gentilândia e já no início houve certa dificuldade para lidar com certos autonomistas. Primeiro, houve reclamações por conta de um megafone. Depois, já em plenária para tirar o itinerário do ato, começou uma onda de comentários hostis contra os comunistas presentes, por conta de um bandeira da União Soviética que um militante autônomo estava levando e pela própria presença de pessoas organizadas ali.
Muito da motivação dessa hostilidade é devido ao infeliz caso de violência que ocorreu em uma manifestação em 2016, onde houve uma troca de enfrentamentos com o MTST e alguns autônomos saíram gravemente feridos. Contudo, foi lamentável o anticomunismo e antipartidarismo presente naquele momento, onde muitos caíram numa lógica binária de “se não está comigo, está com o inimigo” e ignorando o longo histórico dos comunistas, brasileiros ou não, de marchar lado a lado com os anarquistas para enfrentar o fascismo.
Além disso, depois que o itinerário foi tirado e o grupo de mais ou menos 70 pessoas estava se dirigindo à Avenida 13 de Maio, houve mais uma discussão, desta vez a respeito da presença de skinheads à esquerda no ato (SHARP, RASH). Algumas pessoas estavam pregando cartazes com os dizeres “Não existe união entre punks e skinheads” e outras pessoas arrancando cartazes (inclusive um de cartolina feito pela UJC escrito “Corre Facho!”). Alguns gritos se ecoaram numa discussão e, devido a essa movimentação e o antipartidarismo presente, cerca de 30 a 40 pessoas ficaram na praça, decidindo não participar do ato e fazer uma intervenção de outro tipo na Praça.
Apesar de todos os obstáculos, a Marcha ocorreu de todo modo, ainda que com um itinerário mais curto. O objetivo era, para além de prestar solidariedade com as vítimas, mostrar aos Carecas e fascistas que aquela região estava protegida e que nunca será deles. Aos gritos de ordem de “Alerta, alerta, alerta antifascista”, o ato serviu como símbolo da presença antifa e que nenhuma ação motivada pelo ódio vai ficar sem reação.