Por Wiliam Poiato, militante da UJC-Brasil em São Paulo.
Lenin, em uma das suas brilhantes intervenções [1], ao discursar no Terceiro Congresso da União da Juventude Comunista da Rússia (Komsomol), realizado alguns anos após a tomada de poder pelos operários, camponeses e soldados russos, disse que a principal tarefa da juventude, em especial da juventude comunista, é aprender.
Ao sustentar o seu discurso, ouvimos, ao fundo, sem vergonha alguma deste eco, as proprias palavras de Marx [2], que pensa a educação para algo muito além da sua esfera formal. A educação é uma totalidade que vem da esfera da produção da vida ao estudo formal, passando pelas formas de ser e estar no mundo.
Che Guevara nos dá o exemplo prático do trabalho voluntário como forma de aprender. Com suas frentes de trabalho voluntário, Che encarava esse tipo de intervenção sobre a realidade sobretudo como um “fator que desenvolve a consciência dos trabalhadores, como escola prática e cotidiana de auto-educação política, que prepara e acelera a transição para a sociedade comunista”. [3] Este trabalho quebra a barreira entre trabalho manual e trabalho intelectual, se torna uma atividade que, além de voluntária, se torna prazerosa e, nas experiências socialistas, foi uma ferramenta importante de participação e construção do socialismo. Em outras palavras é a construção do trabalho desalienado*.
Para reafirmar seu fator educativo, podemos citar esta passagem de Che:
“Fazemos todo o possível por dar-lhe ao trabalho esta nova categoria de dever social e uni-lo ao desenvolvimento da técnica, por um lado, o que dará condições para uma maior liberdade, e ao trabalho voluntário por outro, baseados na apreciação marxista de que o homem realmente atinge a sua plena condição humana quando produz sem a compulsão da necessidade física de vender-se como mercadoria.
Claro que ainda há aspectos coativos no trabalho, ainda quando seja voluntário; o homem não tem transformado toda a coerção que o rodeia no reflexo condicionado de natureza social e ainda produz, em muitos casos, sob a pressão do meio (compulsão moral, chama-a Fidel). Ainda lhe falta atingir a completa recriação espiritual perante a sua própria obra, sem a pressão direta do meio social, mas ligado a ele pelos novos hábitos. Isto será o comunismo.
A mudança não se produz automaticamente na consciência, como tampouco se produz na economia. As variações são lentas e não são rítmicas; há períodos de aceleração, outros pausados e inclusive de retrocesso.” [4]
As juventudes comunistas sempre tomaram a frente nestas tarefas. Vale como exemplo os planos bienais de Praga, que contavam com a juventude em grandes frentes de trabalho que tinham forte papel econômico e ideológico. Abaixo foram selecionados excertos que exemplificam o pensamento dessa experiência socialista e mostram a juventude comunista como vanguarda do processo:
“Os jovens comunistas devem ser os pioneiros da nova relação entre o homem e o trabalho, sobretudo no trabalho físico, que deve ocupar em nosso país o posto de honra que lhe corresponde por direito próprio. Os jovens comunistas devem ser os nossos primeiros estakanovistas**, a vanguarda do trabalho voluntário nas brigadas que ajudam a nossa agricultura e nossa indústria.
[…]
As experiências que temos até hoje — a ajuda da juventude na colheita, sua iniciativa em criar a Equipe Nacional do trabalho voluntário, no dia da Festa Nacional Tchecoslovaca em 28 de outubro do ano passado, a intensa participação da juventude nas brigadas de ajuda à nossa indústria mineira ,etc. demonstram que nossa juventude compreendeu bem o significado da nossa obra nacional de reconstrução, na qual ela toma parte, com entusiasmo e alegria. Estou certo, de que precisamente, no cumprimento do plano bienal, nossa juventude mostrará sua energia, capacidade e entusiasmo juvenil.
[…]
“Assim crescerão em nosso país quadros juvenis com iniciativa, que não tenham medo de superar as velhas normas e regras de produção, quadros audazes, organizadores da produção, racionalizadores do processo de produção; inventores. Uma coisa que desperta nossa esperança neste sentido é a iniciativa da organização unitária da juventude “Federação da Juventude Tcheca”, que se impôs como objetivo a construção, com as forças dos jovens voluntários, de casas para os operários das grandes oficinas Stálin, e os mineiros da mina carbonífera de Most, assim como reconstruir a vila mártir, destruída pelos alemães, Lídice. Esta “empresa” da juventude será, como creio, o monumento da compreensão por parte da nossa juventude, das tarefas derivadas do plano bienal.” [5]
A experiência de Praga também pensava o trabalho voluntário organizado em brigadas como uma forma de educação do partido, como seus próprios dirigentes dizem:
“Nem toda essa gente honesta que se filiou ao Partido tem já uma concepção clara do nosso objetivo ou o conhecimento da teoria marxista-leninista. Compreendem apenas que o Partido Comunista é algo de bom, honesto e de diferente dos outros partidos. É tarefa do Partido educar esses novos membros para que sejam bons comunistas. Recebem tal educação na sua tarefa diária, dirigida no sentido da construção da República, com a orientação marxista. A educação partidária lhes dá nova compreensão da comunidade e os ensina a serem um exemplo para os outros, a serem os melhores trabalhadores na fábrica ou no campo, a tomarem parte dirigente nas brigadas de trabalho voluntário.” [6]
Porém, trazendo para nossa realidade, estamos longe de um estado socialista, pelo contrário, estamos ainda em um momento de maré baixa [7] da luta comunista no Brasil. Desde 1992 fazemos a luta pela Reconstrução Revolucionária. Tivemos como objetivo comum, nesse período de refluxo, fazer sobreviver as ideias comunistas nos meios semi-proletários e camadas médias; aos poucos nos reinserimos nas lutas concretas da população, reconquistando a cada dia os aparelhos de luta que a classe trabalhadora forjou, de forma lenta, porém constante; fugimos das visões ligadas à conciliação de classe; e nos estabelecemos firmemente dentro de uma teoria revolucionária. Estes passos acompanham os passos de restabelecimento da própria União da Juventude Comunista. A perspectiva que se abre é: precisamos, agora, ampliar nossa atuação entre o proletariado e no meio popular, organizando mais jovens trabalhadores. Serão as brigadas populares são um meio para alcançar esse objetivo?
Diferente de uma brigada de trabalho voluntário num contexto de construção do socialismo, esta atividade, no mundo capitalista, pode ter várias feições. De atividade pequeno-burguesa de caridade à expressão de contestação à ordem vigente. Durante a guerra de libertação nacional em Moçambique, a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) começou a desempenhar um importante trabalho voluntário no âmbito sanitário, que tinha como destaque os hospitais da Frente. Samora Machel, ao comentar a completa diferença entre seus hospitais e o da zona inimiga, é claro:
“À primeira vista pode parecer absurdo falarmos em linha política no campo da saúde, em combate entre duas linhas no domínio da saúde. À primeira vista pode-se pensar que existe na FRELIMO uma vontade de politizar uma coisa, aparentemente tão neutra, como a saúde. No fim de contas, dirão esses que imaginam uma saúde apolítica, a penicilina ou cloroquina têm o mesmo efeito, quer sejam administradas ou não por um revolucionário, quer sejam dadas num hospital da FRELIMO ou num hospital colonialista. Mas todos os nossos atos, toda a nossa vida, são radicalmente diferentes dos atos e da vida da zona do inimigo. […] Nosso hospital é diferente. O que faz um hospital não são os instrumentos cirúrgicos ou medicamentos que lá se encontram. Os instrumentos os medicamentos, são importantes, mas o que é essencial, o que é o fator decisivo, é o homem. Por isso, hoje, pela primeira vez, em Cabo Delgado, em Niassa, em Tete, o Povo é objecto de assistência, sanitária, as pessoas são vacinadas, nas povoações aprendem-se hábitos de higiene. No entanto, são raros os nossos medicamentos, são muito poucos os nossos instrumentos cirúrgicos, e as nossas instalações são tão pobres que, do exterior, mal se distinguem de modestas palhotas. O nosso hospital é constituído de sangue, de sacrifícios. Não são paus e maticado, cimento ou tijolos, que constroem as paredes do nosso hospital. O nosso hospital pertence ao Povo, é um fruto da Revolução. O nosso hospital é muito mais que um centro de distribuição de medicamentos, ou do curativos. Um hospital da FRELIMO é um centro em que se concretiza a nossa linha política de servir as massas, é um centro em que se materializa o nosso princípio de que a Revolução liberta o Povo. O nosso hospital destina-se a libertar o Povo da doença, a dar boas condições físicas aos combatentes, militantes e trabalhadores, para que estes cumpram as tarefas revolucionárias em que estão empenhados, por amor do Povo. Curamos as pessoas pela confiança que inspiramos, pelo moral que lhes Inculcamos. O pessoal da saúde, o doente e o medicamento combinam-se para libertar o homem da doença. O nosso hospital é um centro da Revolução, ele existe por causa da Revolução e está intimamente associado à Revolução.” [8]
Ele deixa claro que existe, na forma e nos objetivos ideológicos de um trabalho estabelecido, um novo significado. A grande marca de diferenciação é a independência de classe. Seu objetivo era construir uma brigada de trabalho, em plena guerra e com independência total dos capitalistas, que se estabelecesse como mais uma trincheira de resistência.
Na nossa perspectiva, devemos abrir estas brigadas de trabalho com independência de classe para criar relações, laços e polos de questionamento do capitalismo enquanto sistema. Fazê-lo com foco territorial tem uma potência teórica ancorada na concepção de construção do Poder Popular, de construção da “luta pelo espaço enquanto conquista comum, o espaço comum, a localidade comum, não é pública nem privada, ou seja, não trabalha sob a lógica da acumulação, bem menos sob a lógica de Estado. A localidade comum é abraçada e tomada pelos seres humanos enquanto tal, em uma atividade desalienada entre espaço e ser humano. Fundando assim, mesmo que somente naquele curto evento, uma comunidade.” [9] Construir este evento nos afastará do fantasma da filantropia e propiciará a ação política que comentaremos a seguir.
As brigadas de trabalho voluntário são para nos aproximar das massas proletárias, aprendermos com ela. O trabalho de base, como já foi dito brilhantemente por Brandão e Carvalho [10] é uma necessidade, e “quando falamos em trabalho de base, falamos justamente na ação política que a militância organizada desempenha, estudando e se inserindo em determinado campo social, trabalhando para despertar, organizar e acompanhar a população na solução dos problemas do cotidiano – vinculando essa luta à luta geral contra a ordem burguesa. É a partir do trabalho de base que, agindo conjuntamente com as massas, podemos construir na luta organizada os caminhos para a superação do capitalismo.” [10] Organizado por local de moradia pensamos “na primeira realidade, que nomearemos base específica, tratamos de um grupo particular de certo espaço social que compomos. Neste sentido, existe a base de moradores do bairro onde moramos, a base de profissionais da categoria em que trabalhamos, a base de estudantes de onde estudamos, etc. Ou seja, nesse sentido a base representa todos os indivíduos de determinado grupo político.”[10]
Porém ao olharmos e agirmos com esta base devemos, como mostramos acima, aprender com as massas, entender seu trabalho e sua forma de moldar o mundo. Assim como nas recomendações de Ho Chi Minh [11], não devemos de maneira nenhuma, ao desempenhar este trabalho, desrespeitar a forma de vida e organização destas pessoas, nem mesmo seu conhecimento a respeito do trabalho, devemos, pelo contrário, ajudar as pessoas em suas tarefas, sermos solidários, trocarmos histórias e conhecimentos úteis à resistência e mostrar dignidade e companheirismo.
Assim tem sido nas experiências da UJC-Brasil. A Brigada de Saúde, que fez o “Dia de Saúde” na ocupação urbana do MTST “Carolina de Jesus”, no bairro do Barro em Recife-PE, ação que contou com planejamento conjunto entre ocupantes, militantes e simpatizantes do PCB e da UJC – Núcleo Nise da Silveira, organizou atividades de alongamento, aferimento de pressão, atendimento médico ambulatorial, atendimento psicológico, atendimento veterinário, oficinas sobre a produção de fitoterápico e saúde bucal, rodas de diálogo que abordaram temáticas como violência doméstica, educação sexual e alimentação. Ainda contou, em paralelo, com campeonato de futebol na rua, oficina de desenho e “contação de histórias” com as crianças sem teto. Para finalizar as atividades, contamos, ainda, com apresentação cultural do artista popular de Paulista-PE Benoni Codácio “Novo”. [12]
Outra experiência, desenvolvida no ultimo mês, é a das brigadas de construção na favela de Vila Prudende, em São Paulo. Atendendo ao chamado do Movimento de Defesa dos Favelados (MDF), a UJC-Brasil organizou uma brigada para participar dos mutirões de limpeza do Buracão (viela de uso comum da favela), que se em breve se transformará em um espaço multiuso para lazer e segurança dos moradores. O projeto intitulado “Nova Viela” já conta com quatro mutirões e se encaminha para o quinto. A área, que hoje possui entulho, será transformada pelos braços dos moradores, das ONGs locais e da juventude comunista, cabendo a nós disputar o significado desta ação, ao lado do MDF. [13] Devemos dar passos ousados e espalhar as brigadas de norte a sul do país, avançando no trabalho de base no meio popular e forjando nossa juventude pelo aprendizado prático a solidariedade proletária, ao mesmo tempo que construimos a luta pela localidade comum, ou seja a luta pelo Poder Popular!
Registro da brigada de construção em Vila Prudente disponível aqui.
“Deixe-me dizer-lhe, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.” (Che Guevara)
Referências:
[1] As Tarefas das Uniões da Juventude. I. Lênin -de Outubro de 1920 rimeira Edição: Discurso pronunciado por Lenine no III Congresso da Komsomol (União da Juventude Comunista da Rússia), em 2 de Outubro de 1920.Fonte: Cadernos Cultura Popular nº 6 – Publicações Nova Aurora, Lisboa, 1974. radução: Manuel L. Martins https://www.marxists.org/portugues/lenin/1920/10/02.htm
[2] Marx e a educação http://institutoiunes.com.br/index.php/artigos/85-karl-marx-e-a-educacao
[3] O Trabalho Voluntário e o Comunismo. Texto publicado no livro “O Pensamento de Che Guevara”, escrito por Michael Lowy. Editora Expressão Popular – São Paulo, Brasil-1999 http://museuvirtualcheguevara.blogspot.com.br/2013/07/o-trabalho-voluntario-e-o-comunismo.html
[4] O Socialismo e o Homem em Cuba, Ernesto ‘Che’ Guevara-1965.Origem: Texto dirigido a Carlos Quijano, Publicado em: Semanário Marcha, Montevideo. Março de 1965. https://www.marxists.org/portugues/guevara/1965/03/homem_cuba.htm
[5] Discurso pronunciado na reunião do ativo da Juventude Comunista de Praga, na sala de Lucerna, em 25 de Abril de 1947. Fonte: Problemas – Revista Mensal de Cultura Política nº 5 – Dezembro de 1947 . https://www.marxists.org/portugues/gottwald/1947/04/05.htm
[6] A Estrutura Orgânica do Partido Comunista da Checoslováquia. H. Lomsky.Problemas – Revista Mensal de Cultura Política nº 2 – Setembro de 1947. https://www.marxists.org/portugues/tematica/rev_prob/02/estrutura.htm
[7] Acção Comunista em Tempo de Maré Baixa. Francisco Martins Rodrigues. Fonte: Francisco Martins Rodrigues – Escritos de uma vida https://www.marxists.org/portugues/rodrigues/ano/mes/baixa.htm
[8] No Trabalho Sanitário Materializemos o Princípio de que a Revolução Liberta o Povo. Samora Machel-1971. https://www.marxists.org/portugues/machel/1971/mes/liberta.htm
[9] A luta pelo espaço enquanto conquista comum- Por: William Poiato (Novembro de 2017-UJC) https://ujc.org.br/a-luta-pelo-espaco-enquanto-conquista-comum/
[10] A Necessidade do Trabalho de Base-Por: André Brandão* e Gabriel Carvalho (Outubro de 2017- UJC) https://ujc.org.br/a-necessidade-do-trabalho-de-base/
[11] Doze Recomendações, Ho Chi Minh- 5 de abril de 1948.Primeira Edição: L’Humanite, 25 de maio de 1922.Fonte: Selected Works of Ho Chi Minh Vol. 3, Editora: Foreign Languages Publishing House.Transcrição: Christian Liebl. Tradução do inglês: Gabriel Zerbetto Vera https://www.marxists.org/portugues/ho_chi_minh/1948/04/05.htm
[12] Dia da saúde: a necessidade de uma saúde coletiva e popular (Junho de 2017- UJC) https://ujc.org.br/dia-da-saude-a-necessidade-de-uma-saude-coletiva-e-popular/
[13] Uma das ações> https://www.facebook.com/ujcsaopaulo/posts/1479003665560164 Projeto https://www.facebook.com/Projeto-Nova-Viela-168914890472963/
*Alienação: Processo histórico-social no qual oprodutodotrabalhohumano torna-se independente, se autonomiza, escapando ao controle racional e virando-se contra seu criador. Apesar de,etimologicamente,―alienação‖ possuir uma origem pscológica,Marx utilizou o termo tambémno seu aspecto econômico, ao se referir à alienação no trabalhoe suas consequências no cotidiano das pessoas. Marx também observou a alienação da sociedade burguesa –o fetichismo (ver adiante). Hegel define ―alienação‖ como ―o outrodistinto de simesmo‖. EmHegel,seu conteúdonão énegativo. EmMarx, sim. Expressa o estranhamento, a separaçãoea fragmentaçãodoser humano. Algo está alienado quandojá não mais nos pertence. https://pcb.org.br/portal/docs1/texto3.pdf
**Stakanovismo: movimento stakanovista nasceu e desenvolveu-se na bacia do Donetz, na indústria hulhífera, tendo-se estendido a outras indústrias, aos transportes e conquistado seguidamente a agricultura. O nome do movimento stakanovista adveio-lhe do seu promotor, o mineiro Alexei Stakanov, do poço «Tsentraínaia Irmino» (bacia do Donetz). Antes de Stakanov, Nikita Izotov tinha já estabelecido recordes sem precedentes na extracção do carvão. O exemplo de Stakanov, que a 31 de Agosto de 1935, extraiu numa só jornada 102 toneladas de carvão, ou seja, 14 vezes mais que o normal, marcou o começo de um movimento de massas dos operários e dos kolkosianos pelo elevamento dos níveis de rendimento, por um novo desenvolvimento da produtividade do trabalho. https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/s/stakanovismo.htm