
A posição de Áustria e Brasil no sistema imperialista global
Nota conjunta da União da Juventude Comunista (UJC Brasil) e da Juventude Comunista da Áustria (KJÖ)
Gemeinsame Erklärung der Kommunistischen Jugendunion (UJC Brasilien) und der Kommunistischen Jugend Österreichs (KJÖ)
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A posição de Áustria e Brasil no sistema imperialista global: um breve comentário da KJÖ e da UJC sobre o momento dos países e a necessidade do enfrentamento direto ao imperialismo
A neutralidade constitucionalmente consagrada da Áustria está sob crescente pressão. O novo ministro das Relações Exteriores austríaco questiona abertamente essa neutralidade e sonha com um exército da UE para implementar os interesses imperiais de forma ainda mais direta. Enquanto o governo mantém formalmente esse status de neutralidade, o aumento militar progride em paralelo – frequentemente legitimado como contribuição para a “segurança europeia”. Essa segurança, no entanto, está inextricavelmente ligada aos interesses geopolíticos da OTAN, dos EUA e do Ocidente.
Como membro da UE, a Áustria atua não como mediador neutro, mas como parte integrante do bloco imperialista. A UE assegura sua influência por meio de acordos comerciais agressivos, controles de fronteira externalizados e políticas isolacionistas em relação ao Sul Global. Corporações austríacas como o Raiffeisen Bank, o Erste Bank e a OMV estão ativamente envolvidas na exploração dos antigos Estados socialistas da UE, o que significa que a Áustria, na verdade, se beneficia dessa ordem e, portanto, apoia um sistema que consolida a desigualdade global.
A neutralidade está se tornando uma casca simbólica: embora seja invocada internamente, os investimentos em armas, a cooperação militar (por exemplo, a PESCO) e as políticas de sanções estão vinculando o país ainda mais ao imperialismo ocidental. A discrepância entre retórica e prática deixa claro: a lógica de segurança da Áustria segue os imperativos do bloco econômico imperialista ao qual pertence – não uma política de paz independente.
Diante desse desenvolvimento, uma manifestação da organização Vozes pela Neutralidade, em 18 de outubro em Viena, apelou ao Estado para que finalmente desse corpo à sua neutralidade. Em vez de rearmamento e laços com o bloco, a Áustria deve assumir um papel ativo de mediação em conflitos crescentes, como a guerra na Ucrânia ou a guerra de aniquilação de Israel. Somente por meio de iniciativas críveis e neutras – e não de discursos vazios – o país poderá cumprir sua responsabilidade histórica como construtor de pontes.
Como maior economia da América Latina e membro do BRICS+, o Brasil ocupa hoje uma posição contraditória no sistema imperialista global. Apesar de ser um país imperializado, mantido na posição de produtor primário de gêneros agrícolas e pecuários para exportação, o Brasil pratica também formas de dominação contra economias menores – em particular, dos países sul-americanos que o cercam, tratados como periferias da periferia. E, mesmo desempenhando esse papel, atua de forma tímida diplomaticamente em questões centrais, como o genocídio palestino. O Brasil mantém relações comerciais e diplomáticas com o Estado sionista de Israel.
Além disso, vivemos uma situação de colonialismo interno, onde milhões de indígenas divididos em milhares de grupos étnicos são ameaçados por políticas assassinas de repressão estatal, roubo de terras e violência de exércitos privados a serviço do latifúndio. Apesar de sermos a décima maior economia do mundo, a burguesia brasileira se encontra na condição de sócia menor do centro imperialista – parte da razão pela qual continuamos hoje como o país mais desigual do mundo. Com o aprofundamento da terceirização e da uberização, capitaneadas por multinacionais estrangeiras, o Brasil continua a precarizar sua força de trabalho, desregular indústrias, desmantelar seu sistema educacional e incentivar práticas extrativistas, com lucros imediatos em detrimento de qualquer planejamento futuro.
Para alguns, a retórica desenvolvimentista do governo do Partido dos Trabalhadores (PT) seria suficiente para aplacar anseios de independência política e econômica. Para outros, o papel do Brasil no BRICS+ demonstraria uma liderança anti-imperialista. Mas para nós, fica óbvio que retórica e ações caminham separadas; o imperialismo, em sua atual fase, atua no Brasil de forma avançada e tecnológica. Para manter-se relevante no cenário internacional, as elites agrárias e grandes proprietários de terra sabotam ativamente qualquer tentativa de industrialização – mantendo-nos em posição de subordinação aos mercados estrangeiros.
Mesmo dentro do BRICS+, que sequer desafia o modelo capitalista de produção e acumulação de capital, observamos um movimento de continuidade da dependência política brasileira em relação aos EUA – que continua a interferir ativamente em nossa governança, como demonstrado pelo golpe de Estado de 2016 – e de uma cada vez maior dependência econômica da China. Entendemos o BRICS+ como ferramenta contra-hegemônica, mas ainda limitada às relações político-econômicas burguesas; não podemos nos iludir com projetos que visam à multipolaridade. O tempo dirá se a multipolaridade realmente levará o mundo a uma ordem baseada em soberania e cooperação ou a alguma forma de novos centros e velhas periferias.
União da Juventude Comunista (UJC Brasil)
Juventude Comunista Austríaca (KJÖ)
Die Position Österreichs und Brasiliens im globalen imperialistischen System: ein kurzer Kommentar von KJÖ und UJC zur aktuellen Situation in diesen Ländern und der Notwendigkeit, dem Imperialismus direkt entgegenzutreten
Österreichs verfassungsrechtlich verankerte Neutralität steht unter wachsendem Druck. Die neue österreichische Außenministerin stellt die Neutralität offen infrage und träumt von einer EU-Armee, um die imperialen Interessen noch direkter umzusetzen. Zwar hält die Regierung am Status formal fest, doch parallel schreitet die militärische Aufrüstung voran – oft legitimiert als Beitrag zur “europäischen Sicherheit”. Diese Sicherheit ist jedoch untrennbar mit den geopolitischen Interessen der NATO, der USA und des Westens verflochten.
Als EU-Mitglied agiert Österreich nicht als neutrale Vermittlerin, sondern als integrierter Teil des imperialistischen Blocks. Die EU sichert ihren Einfluss durch aggressive Handelsabkommen, externalisierte Grenzkontrollen und die Abschottungspolitik gegenüber dem Globalen Süden. Österreichische Konzerne wie die Raiffeisen Bank, Erste Bank und OMV sind aktiv an der Ausbeutung der ehemaligen sozialistischen EU-Staaten beteiligt, wodurch Österreich faktisch von dieser Ordnung profitiert und somit ein System unterstützt, das globale Ungleichheit zementiert.
Die Neutralität wird zur symbolischen Hülle: Während sie innenpolitisch beschworen wird, binden Rüstungsinvestitionen, Militärkooperationen (z.B. PESCO) und Sanktionspolitik das Land enger an den westlichen Imperialismus. Die Diskrepanz zwischen Rhetorik und Praxis verdeutlicht: Österreichs Sicherheitslogik folgt den Imperativen des imperialistischen Wirtschaftsblocks, dem es angehört – nicht einer unabhängigen Friedenspolitik.
Angesichts dieser Entwicklung fordert eine Demonstration der Organisation Stimmen für Neutralität am 18. Oktober in Wien den Staat auf, seiner Neutralität endlich Substanz zu verleihen. Statt Aufrüstung und Blockbindung muss Österreich eine aktive Vermittlerrolle in eskalierenden Konflikten wie dem Ukrainekrieg oder dem Vernichtungskrieg Israels übernehmen. Nur durch glaubwürdige neutrale Initiativen – nicht durch Lippenbekenntnisse – kann das Land seiner historischen Verantwortung als Brückenbauer gerecht werden.
Als größte Volkswirtschaft Lateinamerikas und Mitglied der BRICS+-Staaten nimmt Brasilien derzeit eine widersprüchliche Position innerhalb des globalen imperialistischen Systems ein. Obwohl Brasilien ein imperialisiertes Land ist und als Hauptproduzent von Agrar- und Viehprodukten für den Export in den globalen Norden gilt, übt es auch Formen der Ausbeutung kleinerer Volkswirtschaften aus – insbesondere gegenüber seinen südamerikanischen Nachbarländern, die als Peripherien der Peripherie behandelt werden. In dieser Rolle agiert es diplomatisch zurückhaltend in Schlüsselfragen zum Imperialismus, wie dem palästinensischen Völkermord. Brasilien unterhält Handels- und diplomatische Beziehungen zum zionistischen Staat Israel.
Darüber hinaus leben wir in einer Situation des internen Kolonialismus, in der Millionen indigener Völker, aufgeteilt in tausende ethnische Gruppen, durch mörderische staatliche Repressionspolitik, Landraub und Gewalt durch private Armeen im Dienste der Latifundien bedroht sind. Obwohl Brasilien die zehntgrößte Volkswirtschaft der Welt ist, begnügt sich die brasilianische Bourgeoisie mit ihrem abhängigen Status. Ein Grund, warum wir auch heute noch das ungleichste Land der Welt sind. Mit der Mentalität der ersten industriellen Revolution, angeführt von ausländischen Multis, prekärisiert Brasilien weiterhin seine Arbeitskräfte, dereguliert Industrien, baut sein Bildungssystem ab und fördert Ausbeutungspraktiken für sofortige Profite zum Nachteil jeglicher Zukunftsplanung.
Für manche reicht die entwicklungspolitische Rhetorik der Regierung der Arbeiterpartei aus, um den Wunsch nach politischer und wirtschaftlicher Unabhängigkeit zu befriedigen. Für andere wäre Brasiliens Rolle in der BRICS-Gruppe ein Zeichen antiimperialistischer Führung. Für uns ist jedoch klar, dass Rhetorik und Taten getrennt sind; der Imperialismus agiert in seiner gegenwärtigen Phase in Brasilien auf fortschrittliche Weise, kontrolliert die brasilianische Ökonomie durch Technologie. Um international relevant zu bleiben, sabotieren Agrareliten und Großgrundbesitzer aktiv jeden Versuch der Industrialisierung – und halten uns damit ausländischen Märkten untergeordnet.
Selbst innerhalb der BRICS+-Staaten, die das kapitalistische Produktions- und Kapitalakkumulationsmodell nicht einmal in Frage stellen, beobachten wir einen Trend zu Brasiliens anhaltender politischer Abhängigkeit von den USA, die sich weiterhin aktiv in unsere Regierungsführung einmischen, wie der Staatsstreich von 2016 gezeigt hat. Auch befinden wir uns in einer zunehmenden wirtschaftlichen Abhängigkeit von China. Wir verstehen BRICS+ als ein gegenhegemoniales Instrument, das jedoch auf bürgerlichen politisch-ökonomischen Beziehungen verharrt. Erst die Zukunft wird zeigen, ob die vielzitierte Multipolarität tatsächlich zu einer auf Kooperation und Souveränität beruhenden Weltordnung beiträgt, oder ob es sich dabei um leere Worthülsen handelt, die imperialistische Beziehungen in Form von neuen Zentren und alten Peripherien aufrechterhalten.
Kommunistischen Jugend Österreichs (KJÖ)
Kommunistischen Jugendunion (UJC Brasilien)