A Miséria do Silêncio na UFPE e o Sangue das Mulheres Violentadas
Nos últimos meses fomos bombardeados de várias denuncias de mulheres que foram violentadas dentro dos vários campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Estupros, agressões, assédios e tantas mais outras violências físicas, psicológicas e morais, sendo um repertório longo e exaustivo. As histórias também se repetem. As mulheres sofrem as agressões, buscam a Reitoria, mas são tratadas com silenciamento e ignorância. Algumas, aquelas que ainda encontraram forças, vão a público compartilhar seus sofrimentos e alertar as demais mulheres para que se cuidem, organizem-se e coletivamente busquem cobrar medidas concretas da Reitoria. Assim nasceu a Frente Feminista, em uma plenária no hall do CAC, quando mais de trezentas mulheres estudantes se uniram para criar um espaço coletivo de organização e transformação.
Em um processo de cortes na assistência estudantil, reflexo dos ataques do governo federal contra a Educação Publica Superior, alimenta-se ainda mais o clima de insegurança dentro do campus, tornando cada vez mais necessário e urgente que se reflita tanto sobre como cada centro, área e curso é afetado por esse crescente problema, quanto como a Universidade e os segmentos específicos de sua comunidade (estudantes, professores, técnicos e demais trabalhadores) estão lidando com os casos de violência contra as mulheres dentro de nossa universidade.
O Reitor Anísio Brasileiro, que há bastante tempo não se pronuncia sobre a questão da falta de diálogo de sua gestão para com os movimentos sociais presentes na Universidade, inclusive sobre a falta de assistência às vitimas, insiste em manter-se na sua postura omissa, o que acaba por reafirmar a manutenção de casos de docentes agressores como Jorge Zaverucha, que publicamente declara ódio contra as mulheres e intimida estudantes, gozando, ainda por cima, sobre sua não condenação.
Infelizmente essa situação de descaso por parte da Reitoria não é exclusividade da UFPE; estamos acompanhando a luta das mulheres da UFRRJ por justiça, frente a diversos casos de estupro e outras agressões praticadas dentro da universidade, com o silêncio da Reitoria, silêncio que se transforma na manutenção da violência.
Na luta por uma Universidade Popular, o debate sobre como as universidades e centros de conhecimento se posicionam em relação às demandas populares cotidianas é fundamental e abarca a correlação de forças na manutenção das opressões. Ainda hoje, nossos centros de conhecimento universitário não somente permitem como protagonizam diversas opressões e explorações contra mulheres de diversos grupos, principalmente ligadas à classe trabalhadora, refletindo sua defesa na manutenção da estrutura de classe que temos além de seus muros. Nossas universidades, desde seu tripé acadêmico até seus espaços de convivência, não são neutras e possuem um lado nítido na luta de classe cotidiana. Porém, a partir dessa consciência, é dever daquelas e daqueles que estão na luta por uma sociedade mais justa a disputa também dos espaços universitários. Por isso, dando continuidade a nossa construção dessa luta, é que a UJC convoca todas e todos a se organizarem contra as violências cometidas tanto pelas agressões quanto pelo silêncio. Na luta por uma universidade popular, o machismo não passará!
Fonte: UJC Pernambuco