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A luta é o caminho; nosso horizonte: o socialismo*
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A luta é o caminho; nosso horizonte: o socialismo*

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“A luta é o caminho; nosso horizonte: o socialismo”

*Declaração Política da XII Plenária do Conselho Central da Juventude Comunista da Venezuela

Caracas, 05 de fevereiro de 2017

A XII Plenária do Conselho Central da Juventude Comunista da Venezuela, reunido em Caracas nos dias 3, 4 e 5 de fevereiro de 2017, transmite a seguinte mensagens aos jovens e estudantes venezuelanos:

Os capitalistas libertam suas velhas bestas

Os jovens do mundo vivem em um momento histórico complexo e difícil, determinado pela agudização das contradições do sistema mundial capitalista. Apesar dos esforços dos meios de comunicação e dos mecanismos de cominação ideológica a serviço do capital em apresentar o sistema como o mais perfeito e assim desviar de sua responsabilidade os flagelos que hoje golpeiam como nunca antes o povo, a força da realidade emerge e mostra a verdade incontroversa.

O sistema capitalista em profunda crise liberou em escala mundial suas três grandes bestas contra o povo: a guerra, o fascismo e as medidas de “ajuste social” que violam direitos fundamentais para a vida dos trabalhadores e dos jovens.

Não é possível esconder o caráter imperialista das guerras desencadeadas no Oriente Médio – com a Síria como epicentro –; os mais de 14 conflitos armados no continente africano; as fortes tensões na Ásia pelo controle de rotas comerciais e a ingerência sistemática na América Latina e no Caribe. A guerra desencadeada pelas potências imperialistas tem somente um propósito: o controle de recursos naturais, energéticos e de mercados para seus produtos e capitais. Milhões de deslocados, refugiados, mortos, territórios destruídos são as principais consequências da loucura capitalista.

Os direitos do povo tampouco escapam da ofensiva capitalista: a deterioração das condições de vida é um fato mundial. O plano anti-crise tem seu centro na redução do gasto público; a privatização de serviços fundamentais e reformas trabalhistas que assentam um novo marco favorável à exploração e acumulação de capital. Os trabalhadores não só pagam pelos desastres gerados pelos capitalistas; como também devem pagar por sua recuperação e estabilidade.

Para conter a inevitável luta popular, os monopólios lançam a terceira besta na qual podem confiar: o fascismo. Seu surgimento cumpre um duplo objetivo em nessa época: instaurar regimes para reprimir a resistência popular, como ocorre na Ucrânia – e pretendem fazer na Venezuela – e por outro lado, iludir o povo a bandeira do nacionalismo, da xenofobia, da discriminação; para dividir a classe trabalhadora e distraí-la de sua missão histórica.

Venezuela, a crise capitalista e os direitos da juventude

Os jovens venezuelanos não estão a margem dessa realidade; não é coincidência que os problemas de que padecemos são compartilhados pelos jovens de outros lugares. Somos vítimas de um mesmo inimigo: o capitalismo.

De um lado, os monopólios capitalistas norte-americanos e europeus desejam um governo dócil que lhes facilite a apropriação da renda petrolífera e o controle de recursos e posições estratégicas para a dominação global. A ordem executiva contra a Venezuela; o boicote à economia venezuelana, assim como as pressões internacionais, são parte da ofensiva que tende a se agudizar no cenário de confrontação inter imperialista à nível global.

Por outro lado, padecemos pela crise capitalista sob as peculiaridades do modelo rentista venezuelano. Por mais que sejam feitos esforços paliativos pelos setores do Governo Nacional, a crise capitalista de forma natural e inevitável engole e progressivamente destrói as conquistas sociais conquistadas ao longo de 18 anos do processo bolivariano.

No campo do trabalho, os jovens trabalhadores enfrentam a deterioração abismal do poder aquisitivo do salário ao mesmo tempo que se eleva exponencialmente o preço dos bens de consumo. A isso se soma a precarização das ofertas de empregos aos jovens; ao auge da informalidade; à violação de direitos trabalhistas e a baixíssima taxa de sindicalização.

No âmbito da educação se registram retrocessos na cobertura, na gratuidade e na qualidade. Durante a maior parte do ano estiveram fora de serviço os restaurantes universitários das universidades públicas; situação similar sofreu o Programa de Alimentação Escolar nos liceus e nas escolas.

As bolsas de estudo – que no começo de 2016 representavam pouco mais de 80% do salário mínimo – hoje alcançam apenas 30% do mesmo. O subsídio à passagem estudantil se viu duplamente afetado: a paralização de rotas de transporte universitárias devido à falta de peças de reposição somou-se à improvisada política governamental que levou a suspensão do sistema de boleto e cartão estudantil sem um programa alternativo integral. Hoje, os estudantes cancelam entre 30 e 100% das passagens urbanas, quando uns meses atrás pagavam apenas 0.5%.

A deterioração das plantas físicas dos centros de estudo; a falta de insumos para as aulas práticas das carreiras técnicas; a falta de professores em matérias fundamentais e programas curriculares antiquados e desconectados com as necessidades de desenvolvimento do país, nos permitem afirmar que o ambicioso projeto de converter a educação em uma peça de arranque para o desenvolvimento independente do país sucumbiu inevitavelmente à lógica do modelo capitalista rentista. Hoje contamos com um modelo educativo à serviço do parasitismo; de uma economia que não requer força de trabalho altamente capacidade e muito menos desenvolvimento científico-tecnológico.

São 70 anos de lutas, experiência e ensinamentos.

O mais importante ensinamento que extraímos de nossa experiência de 70 anos de luta pelos direitos da juventude é que no capitalismo não são possíveis conquistas estáveis e duradouras. As “recuperações” fugazes das sucessivas crises sempre têm cavalgado por cima da deterioração da qualidade de vida do povo trabalhador e da juventude.

Os jovens devem ter a clareza de que seu principal inimigo é o sistema de exploração e os partidos que os defendem. Não pretendemos absolver as culpas do Governo Nacional; nosso objetivo é denunciar a essência de nossos problemas e deixar claro que a única solução é uma saída revolucionária, e não uma troca de personagens.

A Juventude Comunista da Venezuela, com sete décadas de denotadas batalhas a serviço das aspirações da juventude e dos estudantes, levanta a bandeira da luta como único caminho para conquistar e defender nossos direitos.

Chamamos os jovens a crer em sua própria força e aumenta-la por meio da organização em centros educativos, de trabalho, desportivos e culturais; assim como em suas comunidades.

Apenas em nossa força organizada, consciente, disposta ao combate e comprometida com a missão histórica da classe trabalhadora, está a única garantia de fazer valer nossos direitos e transformar revolucionariamente nossa realidade.

Os jovens comunistas venezuelanos celebrarão nossos 70 anos dedicando seus esforços a tarefa de educação política, organização e mobilização dos jovens para encarar os desafios do momento. Temos a tarefa de armar a juventude e os estudantes com poderosas organizações de massas para enfrentar e vencer as máfias, o burocratismo, os patrões e as políticas do capital.

A campanha pelos 70 anos será uma ofensiva em defesa dos direitos dos jovens. Não podemos permitir que os restaurantes universitários das universidades e o Programa de Alimentação Escolar (PAE) continuem fora de funcionamento; temos que lutar para exigir aos organismos competentes o reestabelecimento imediato destes programas, mas com controle popular do alunato e dos trabalhadores. Da mesma forma, não podemos tolerar o retrocesso de nosso direito à passagem estudantil; é pertinente a mobilização do alunato para frear os abusos das empresas de transporte estudantil privadas e exigir do Governo medidas eficazes e coerentes a fim de assegurar nosso direito.

Os jovens comunistas defenderão o direito a uma educação de qualidade; por uma planificação e pressupostos que garantam ótimas condições nas plantas físicas das instituições, dotação de insumos, equipamentos de laboratórios e centros de produção e pesquisa.

Esse ano também será para elevar a educação política dos jovens trabalhadores e seus níveis de organização. Impulsionar a participação em sindicatos e lutar pela regularização das condições de emprego para a juventude com contratos que reconheçam os direitos assegurados por lei.

No aprofundamento do processo de mudanças e na acumulação de forças para a saída revolucionária da crise está o caminho para os jovens e estudantes conquistarem seu direito ao futuro.

Com os ensinamentos do Grande Outubro rumo a vitória.

Em 2017 celebramos o Centenário da Grande Revolução Socialista de Outubro; a primeira grande revolução proletária; o primeiro Estado dos trabalhadores, campesinos e soldados; o início de uma nova época histórica em que o povo trabalhador escrevia pela primeira vez páginas gloriosas de sua emancipação e redenção sociais. As lições do Grande Outubro são uma chama potente que ainda ilumina nossas lutas contra o capitalismo.

A Revolução Bolchevique nos ensina que somente a luta dos trabalhadores em aliança com as forças populares nos podem levar à vitória. Por isso chamamos aos jovens e aos estudantes a não serem presas da ilusão. As soluções para os problemas do povo emanarão de nossa própria força e iniciativa.

Do Grande Outubro aprendemos que a “reforma” do Estado é uma quimera. O poder da classe trabalhadora e a construção de uma nova sociedade se assentam sob um novo Estado; um novo poder político fundamentado sobre a mais ampla e democrática organização e participação dos trabalhadores e do povo.

A Revolução de Outubro e seu desenvolvimento posterior nos demonstram como uma nova organização da produção baseada na propriedade social dos meios de produção, no controle dos trabalhadores e a planificação central e científica da economia, nos permitem avançar de forma mais acelerada rumo ao desenvolvimento econômico independente ao mesmo tempo que se conquista uma elevação proporcional das condições de vida do povo.

Nos 100 anos da Revolução Socialista, os jovens comunistas venezuelanos tomamos suas valiosas aprendizagens para aprofundar a luta ideo-política contra as interpretações errôneas, falsificações e discursos anticomunistas que verte o imperialismo contra essa extraordinária epopeia dos oprimidos.

Os ensinamentos do Grande Outubro vermelho, junto com a experiência de mais de 80 anos de luta do Partido Comunista da Venezuela e os 70 anos da JCV, são uma potente arma que na mão dos trabalhadores, do campesinato, das mulheres, da juventude e dos soldados revolucionários contribuirá inevitavelmente à derrota do oportunismo e à vitória definitiva do Socialismo e do Comunismo.

Viva o Centenário da Grande Revolução Socialista de outubro!

Viva o 15º Congresso Nacional do PCV!

Viva os 70 anos da glorisosa JCV!

A luta é o caminho; nosso horizonte: o socialismo!

Extraído de: https://prensapcv.wordpress.com