Os anos 90 no Brasil foram marcados pelo avanço, no campo político e ideológico, da consolidação de uma nova forma de acumulação de capitais no Brasil através da aplicação de políticas de austeridade e neoliberais. Essas políticas, que começam a ser implementadas para salvar as taxas de lucro da classe dominante em crise na década de 1970, são marcadas na periferia do sistema capitalista por medidas como: privatizações de empresas estatais, redução de gastos públicos, abertura da economia nacional a capitais estrangeiros e ataques aos direitos trabalhistas como forma de intensificar a superexploração da força de trabalho.
Tais medidas se materializaram, no cenário político brasileiro da época, em uma forte investida de privatizações dos mais diversos setores da economia nacional como telefonia, fornecimento de energia, indústrias de base e , principalmente, a Petrobrás.
Como resposta, diversos setores da classe, principalmente ligados ao serviço público e tendo os petroleiros como vanguarda do processo, iniciaram um grande movimento de greve que se estendeu por mais de 30 dias. Com uma adesão de mais de 90% da categoria ocupando refinarias por todo o país, trabalhadores do setor petroleiro pararam a produção por tempo indeterminado, reclamando o cumprimento de um acordo salarial feito com Itamar Franco no ano anterior e se opondo a política de quebra do monopólio da Petrobrás sobre a exploração e produção do Petróleo.
O movimento sofreu duras tentativas de repressão em seu curso, como demissões de dirigentes sindicais, multas milionárias aos sindicatos que aderiram às paralizações, deslegitimação da greve frente à Justiça do Trabalho, além de uma repressão direta através do uso da força com uma ocupação militar em algumas refinarias, mostrando o caráter direto dos embates de classe constantes na história do Brasil.
A greve, maior da categoria até o movimento do início desse ano, deixa valiosas lições aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros sobre a força da capacidade de mobilização organizada de nossa classe, a importância dos laços de solidariedade de classe e um real enfrentamento ao nosso inimigo de classe: a burguesia nacional e internacional.
Que essas lições possam servir de fôlego para a luta da construção do Poder Popular no caminho do Socialismo!