NEM VANGUARDISMO, NEM CONCILIAÇÃO: Avançar na unidade da juventude e dos trabalhadores contra os ataques da burguesia!
Foto: Marlon Diego
A Coordenação Nacional da União da Juventude Comunista vem a público conclamar todos os seus militantes, amigos, simpatizantes e aliados a fortalecerem as mobilizações, o trabalho de base e atos unitários que fortaleçam a Greve Geral nacional dos trabalhadores brasileiros, na próxima sexta- feira (28/04).
Destacamos que o cenário de ataques aos direitos dos trabalhadores e jovens brasileiros não é uma exclusividade do nosso país. A crise sistêmica do capitalismo tem intensificado as disputas, contradições e cisões entre os grandes monopólios nacionais e internacionais. As guerras, o desemprego, a fome, a xenofobia, os golpes políticos, o aumento da exploração e o crescimento da extrema direita têm sido alguns dos efeitos causados pela ofensiva imperialista em todo mundo.
Os centros hegemônicos imperialistas (EUA , União Europeia e seus aliados) atacam diversos povos, saqueiam riquezas de outros países, impõem uma agenda regressiva civilizatória contra os direitos sociais, políticos e trabalhistas no mundo, promovem guerras e controlam quase toda a informação que circula no mundo, através dos monopólios midiáticos. A UJC-Brasil se solidariza com todas as juventudes em luta contra o capitalismo e o imperialismo. Denunciamos os ataques dos centros imperialistas aos povos sírio,palestino, afegão, iraniano e norte-coreano.
Na América Latina, a ofensiva imperialista, hoje, se concentra na Venezuela, onde se desenvolveu a experiência recente mais avançada de um governo popular. Sabemos dos limites e desvios do governo de Nicolás Maduro, no entanto, apesar de todos os ataques da direita fascista venezuelana e do imperialismo, a organização popular resiste neste país, defendendo suas conquistas. Nesse sentido, cerramos fileiras com os camaradas da Juventude Comunista Venezuelana (JCV), a real alternativa revolucionária e proletária para a juventude venezuelana.
No Brasil, as contradições interburguesas e interimperialistas geram uma onda implacável de ataques aos trabalhadores e à juventude. Os grandes oligopólios midiáticos e setores do poder judiciário tentam impor as pautas anti-corrupção e anti-políticos para manobrar a população, de acordo com os seus obscuros interesses. A seletividade da “Operação Lava-Jato” demonstra uma clara direção política e econômica nos rumos das operações.
O governo golpista de Michel Temer, a serviço dos patrões, vem realizando um conjunto de medidas antipopulares para favorecer os bancos, o agronegócio e as grandes empresas em geral. Aprovou no Parlamento um ajuste fiscal por 20 anos, cujo objetivo é congelar por duas décadas os gastos públicos, reduzir as verbas para saúde e educação, de forma a privatizar os hospitais e as escolas públicas, além de cortar os recursos para as áreas sociais. Os primeiros resultados desses cortes já podem ser sentidos na crise financeira dos estados e municípios, com atraso e parcelamento dos pagamentos de funcionários e aposentados, fechamento de postos de saúde, redução da merenda escolar, falta de creches, além da violenta crise nas penitenciárias, cuja face mais visível são as cenas de barbárie nos presídios de vários estados.
O governo ilegítimo também aprovou a “Lei das Terceirizações” que, na prática, revoga grande parte da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), reduzindo direitos, salários e garantias dos trabalhadores. Com esta lei, as empresas podem terceirizar todas as suas atividades, o que vai resultar no rebaixamento de salários e na precarização das condições de trabalho. Além disso, o governo quer aprovar uma reforma trabalhista, para acabar de vez com os direitos dos trabalhadores, que foram conquistados com muita luta. Essas duas medidas favorecem o trabalho escravo no campo, retiram os direitos dos trabalhadores nas cidades, configurando-se, assim, o mais brutal retrocesso contra o proletariado brasileiro em toda sua história moderna.
A reforma da previdência dita que os trabalhadores só poderão receber o benefício pleno, se trabalharem ao longo de 49 anos. Com ela, homens e mulheres irão se aposentar com a mesma idade e terão que trabalhar até os 65 anos para ter direito à aposentadoria. Isso, num país onde, em muitos estados e, especialmente, na área rural, a média de vida é de 65 anos! A juventude, além de perder a perspectiva da aposentadoria, de direitos e vida, também será muito prejudicada com a reforma do ensino médio, que reduz as disciplinas de ciências sociais e implanta o tecnicismo, o obscurantismo e a repressão contra o ensino crítico e democrático.
O governo Temer se utiliza de sua ilegitimidade e impopularidade para concentrar os golpes contra os trabalhadores. Para a juventude e os trabalhadores sobram motivos para lutar e se organizar! A UJC defende a mais ampla unidade na luta contra os ataques nesta conjuntura. Infelizmente, constatamos que algumas organizações, entidades, movimentos populares e militantes combativos estão, muitas vezes, mais preocupadas com o calendário eleitoral de 2018 do que com a luta em 2017. Apesar de respeitarmos os debates eleitorais e diversas opiniões, afirmamos que as reais alternativas para os trabalhadores irão emergir das lutas e do processo de reorganização independente da classe trabalhadora. Sendo assim, a prioridade para o nosso futuro é agora!
Por outro lado, devemos combater as diversas expressões vanguardistas, sectárias e divisionistas existentes em grupos políticos pequenos- burgueses influentes entre os jovens. Tal como a recusa de construir frentes amplas de unidade ao lado de todos aqueles que marcham contrário às reformas antipopulares do governo golpista, e a insistência infantil em priorizar o debate sobre a forma dos atos unificados ao invés de mobilizar e organizar a classe trabalhadora e setores populares.
É fundamental que os jovens comunistas e revolucionários intensifiquem o trabalho de base e a participação em entidades de massa no campo estudantil e popular. É justamente através de entidades democráticas e massivas juvenis que conseguiremos mobilizar e organizar amplos setores da juventude popular e trabalhadora. Em junho, participaremos do congresso da UNE com uma expressiva bancada nacional, defendendo a luta pela Universidade Popular, a unidade na luta contra os ataques e a retomada dessa entidade para o campo combativo. Faremos essa disputa, enfrentando o crescimento da direita, assim como a institucionalização da burocratização da entidade, que apenas serve ao imobilismo e a conciliação. Nesse momento, é fundamental que a juventude recupere seus verdadeiros instrumentos de luta para a resistência.
Além disso, é imprescindível que, no interior do campo unitário que tanto defendemos, se fortaleçam forças e concepções anticapitalistas e anti-imperialistas, visando constituir uma frente política permanente. Assim como o nosso partido propõe, defendemos a construção de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora e do Movimento Popular (ENCLAT), com vistas à construção de um projeto alternativo para o país, que se transforme em referência organizativa para a grande insatisfação que hoje existe na sociedade brasileira.
A luta organizada é o único caminho para garantirmos o nosso futuro. Prestes a completar 90 anos de sua fundação, mais uma vez, a UJC estará ao lado de quem sempre esteve, sem conciliação e vacilação, a juventude e os trabalhadores!
Coordenação Nacional
União da Juventude Comunista