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Esculachados…
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Esculachados…

Domingo ensolarado, calor, animação, mas não para mais um dia de praia e, sim, para mais um dia de escracho, esculacho, pra baixo.

Estávamos lá, em frente à estação Cardeal Arcoverde, em Copacabana, e parecíamos animados, não por causa do nosso episódio sangrento do passado, é claro, mas pelo que se passaria nas próximas horas e que, então, nos remeteria um passado sangrento, de glórias e inglórias.

Escrevemos cartazes, conversamos, aprendemos, fotografamos, fizemos, nós também, o novo capítulo da história, do presente, marcado de acertos e erros e, infelizmente, mais erros do que acertos, não do movimento em si, mas do resultado idealizado dele.

Foi muito animador ver jovens lutando pelos que lutaram enquanto também eram jovens. Ver os jovens, promessas da continuidade, com qualidade, do futuro movimento de luta social, socialista, comunista, entoando gritos, bandeiras, palavras de ordem, mas estas últimas, as palavras de ordem, já demonstraram o que não poderíamos deixar ver: o movimento está fraco, está desorganizado!

Os gritos eram marcas consagradas de um partido, ou de uns partidos, não de um movimento amplo, só que, pelo menos, nossas demais ferramentas pareceram pluripartidárias. Foi aí que o engano massacrou. Como podemos nos deixar liderar pela desorganização do calor do momento e, incrivelmente, parar em frente a uma estátua que não dará a luz, que não ressurgirá de onde se encontra, muito bem, obrigada, morto? Por que, me pergunto até agora, por que nos levaram para o Forte do Leme, que desgraçadamente apresenta para todos, inclusive os turistas, tão desesperadamente procurados pelo Rio, o nosso algoz Castello Branco?

Mas não íamos parar em frente à casa de um torturador, infelizmente vivo, respirando e satisfeito com o seu passado sádico?

Até onde sabemos, o intuito, nos outros países em que o resultado foi positivo, não era uivar, gritar, bradar, sujar de ovos e tintas, uma estátua!

Também não acho que devamos envergonha-lo, o torturador, respirando e sorrindo, na sua residência, mas quando ele se prepara para comprar o jornal matutino, ou lavar seu carro, alguma ação simples, cotidiana e que, infelizmente, muitos dos lutadores que ele tirou a vida não puderam mais fazer.

Além do final frustrante, tivemos que encarar, sem nenhuma naturalidade, jovens dos dois partidos mais deprimentes do atual momento que vivemos em nosso país e que, de forma até engraçada, infantil ou inocente, acreditam que são revolucionários. E são, realmente são revolucionários! Mas de uma direita orgânico-partidária que cresce com ótimos e vistosos discursos socializantes, assistencialistas, nacionalistas e demagógicos, sem resultados. Cuidado, assim, Mussolini conquistou uma Itália amplamente reacionária!

Para não deixa-los sem respostas, aponto que a Juventude do PT, ou JPT, a União da Juventude Socialista, ou UJS, frente ampla (amplíssima) do PC do B, e o Levante Popular da Juventude estavam lá e, ainda no bojo da graça de nossa desgraça, quiseram liderar o ato, mas justamente estes que, sem serem burros o suficiente, estão apoiando os nossos atuais torturadores, no caso carioca, nomeadamente Eduardo Paes?

Viu, esta é a desgraça que o nosso passado de glória (da luta dos lutadores sociais!) não pode aceitar!

Meu próximo final de semana ensolarado não se inebriará de tão frustrante atividade, mas de algo que, por fim, nossa classe merece: a educação!

Rio de Janeiro, 30 de Julho de 2012.

Mari Marx